Nova agressão na UPA Fazendinha expõe má gestão da Prefeitura

A Prefeitura
de Curitiba não tem conseguido solucionar os problemas no atendimento na UPA
Fazendinha. Essa é a Unidade em que uma cidadã morreu e a Prefeitura colocou a
responsabilidade em quatro trabalhadores da enfermagem. Dessa vez, um cidadão
quebrou dois computadores da recepção porque estava descontente com a demora no
atendimento. Segundo os servidores, o tempo de espera era de quatro horas.

Paulo da Rosa, fotógrafo, RG 591392, fugiu assim que destruiu os dois
equipamentos. Ele será indiciado por desacato e destruição de patrimônio
público. O cidadão perdeu o controle devido ao tempo de espera no atendimento.
Ele acompanhava uma criança que apresentava dor de garganta há sete dias, caso
não considerado grave e que deveria ser atendido pela Unidade Básica de Saúde
Vila Verde, conforme cadastro dele.

Embora o quadro de enfermeiros estivesse completo com 16 profissionais,
sendo um em hora extra, o tempo de espera atingia quatro horas (subiu para seis
depois da agressão). Isso eleva a tensão da população e dos servidores. “Está
muito tenso fazer o atendimento. A gente está preocupada com a segurança de
todos aqui”, contou uma enfermeira que teve a identidade preservada. Após o
ocorrido, a direção do distrito e a coordenação apareceram no local. Contudo,
os servidores reclamam da falta de ação. “Uma vez por mês a gente se reúne em
colegiado e aponta os problemas de segurança, de falta de pessoal, equipamentos
e sobre a demora no atendimento”, expõe outra enfermeira.

 

O Sismuc considera que ocorra falta ação da Secretaria de Saúde, principalmente
após o caso que terminou na morte da cidadãMaria da Luz das Chagas dos Santos
nesta mesma UPA. “Neste momento a Prefeitura tinha que dar um olhar especial
para o Fazendinha. Nada de errado poderia acontecer aqui. A gestão tem
obrigação de aumentar o número de profissionais e resguardar a integridade
física e mental dos servidores”, expõe a coordenadora do Sismuc Irene
Rodrigues. O sindicato orientou que além do Boletim de Ocorrência fosse preenchido
o Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT). “Essa é uma forma do servidor ser
resguardado e gera dados para que a gente possa cobrar a gestão sobre os
problemas”, orienta Irene.

Medo

Duas servidoras que estavam na recepção da UPA Fazendinha
registraram BO. No mesmo dia a Polícia Cientifica realizou a perícia e colheu
depoimentos. Uma delas disse que temeu ser agredida fisicamente. “Ele disse que
era fotógrafo e deu uma carteirada, disse que ia chamar a imprensa e fazer escândalo.
Depois começou a quebrar tudo. Eu corri para não ser atingida por um computador
na cabeça”, relata a servidora apavorada.

Segurança
reduzida

No momento da agressão havia apenas um guarda municipal no
local. Ele contou à reportagem que no turno são três profissionais para cuidar
da UPA e da Rua da Cidadania. Naquele momento estava sozinho porque o colega
dobrava no outro equipamento. O guarda possuía aparelho de choque, mas optou
por não usar. “Se eu uso, as pessoas podiam achar que estava agredindo um
cidadão que buscava atendimento”, esclarece.

Sindicato cobra negligência da Prefeitura

A violência contra os servidores municipais e a demora do atendimento à população tem responsáveis: a Secretária de Saúde e o prefeito Gustavo Fruet. Para o sindicato, ambos têm sido omissos às queixas dos trabalhadores que cobram mais condições de trabalho, concurso público e respeito. Em fevereiro de 2015, o Sismuc se reuniu com o Ministério Público e apresentou dossiê sobre os problemas da saúde municipal. Agora novamente o sindicato se reúne com o MP da Saúde. Isso será no dia 9 de setembro. O sindicato vai solicitar uma ação mais rápida e que os gestores sejam responsabilizados por negligência à população e aos trabalhadores. “No momento do aperto, a Prefeitura responsabilizou quatro profissionais daquela UPA. Nada se resolveu porque nada mudou. Ou seja, o problema não é exclusivo dos servidores, mas de uma gestão que tem faltado com seu compromisso”, lamenta Irene.

Depois começou a quebrar tudo. Eu corri para não ser atingida por um computador na cabeça