Um olhar para a opressão sobre a mulher negra

Almira Maria Maciel, pedagoga e militante do movimento negro,
filiada ao Movimento Negro Unificado (MNU), participou do primeiro debate
organizado pelo Sismuc, no mês da Consciência Negra.

A ativista do movimento negro analisa a resistência da mulher
negra ao longo da História. Almira questionou a ideia de cordialidade na
questão racial brasileira e reforçou a dupla opressão que a mulher sofre. Por ser
negra e por ser mulher. “A mulher negra no Paraná tem história, de luta e de
resistência”, ressalta.

Almira revela como ainda hoje há fortes preconceitos contra a
população negra até os dias de hoje, desde o Brasil Colônia, passando pela
República. A História oficial, de acordo com ela, é contada pelos opressores, o
que encobre histórias de resistência e mesmo realizações do povo negro na
história brasileira.

Com isso, o preconceito se coloca tanto na esfera pública
como na esfera privada da sociedade. Dá o exemplo da recente notícia sobre a
dentista que traficava e a opinião pública ficou chocada, pelo seu padrão de
beleza ser europeu e branco.

“Como o nosso imaginário vai sendo construído? Qual é o papel
que a mídia no geral contribui para que a gente não se aperceba o quanto tem
sido depósito dessas idéias?”, questiona.

Afirma que ainda hoje em dia professores são processados por
ensinarem a história e a cultura negra. Foi necessário uma lei para garantir o
direito a este ensino. “O que nos é identidade, é negado, dizem que temos que
adotar a cultura dominante”, revela.

A coordenação do Sismuc reafirmou o compromisso de seguir
realizando debates sobre a opressão de raça. O próximo será no dia 24 de
novembro. A ideia é também publicar a partir de então mais artigos e materiais
sobre o tema do preconceito racial.

O movimento negro hoje

No debate, a ativista do movimento negro afirma que o
movimento está organizado em Curitiba. O próximo período reforça a luta contra
o conservadorismo. De acordo com a pesquisadora, a ocupação de espaços
acadêmicos pelos negros em anos recentes desencadeou uma reação conservadora, mas sempre houve resistência.

”O movimento negro teve vários momentos. Palmares foi
movimento negro, a década de 1930 teve a frente negra brasileira, proibida por
Vargas, iria disputar a eleição. Houve o teatro experimental negro. O movimento
negro combateu essas realidades”, afirma.

Serviço. Próximos dias
de debate:

II- DEBATE SOBRE RAÇA E ETNIA E
QUESTÃO DE GÊNERO

Data: 24
de novembro de 2014

Local:Sub
sede do SISMUC Rua Lourenço Pinto, 118 – Centro

19 horas–
Debate sobre raça e etnia e questão de gênero

20 horas – Debates

20:30min –Apresentação
cultural e coquetel

OFICINAS DE
DANÇA DE MATRIZES AFRICANA (Demerval)

DIA: 22 de Novembro e 29 de Novembro;

Maculelê,
Puxada de rede, Samba de roda, blocos afro-salvador e danças dos Orixás.