Exames confirmam que servidores estão intoxicados com arsênico

Uma  servidora da Prefeitura Municipal, com 20 anos de carreira, descobriu, em 2003, que estava com câncer. Agora, ela está realizando exames por suspeita de um novo câncer, desta vez de pele. Um laudo médico recente apontou a presença de arsênico em seu sangue, com uma dose 45% superior ao tolerável. 

O mesmo exame identificou o problema em outros dois servidores. A relação entre os três é o local de trabalho. Eles trabalham no prédio da administração do Museu de História Natural, no Capão da Imbuia, em uma casa onde estão guardadas peças antigas de animais conservados em que um dos componentes utilizados para a taxidermia (técnica para empalhar animais) era o arsênico.

Na semana passada, após a divulgação dos exames, a vigilância sanitária da Prefeitura mandou fechar o prédio e realocar os servidores para a biblioteca do museu. Uma ordem de serviço expedida pelo departamento de pesquisa e conservação da fauna impede, inclusive, a permanência de qualquer pessoa por mais de três horas no prédio da administração, que agora passou a ser denominado de prédio das coleções. O documento ainda determina a troca de peças antigas que tenham sido preparadas com arsênico por novas peças, quando for possível.


Risco de doenças
O arsênico está entre os metais pesados que compõe a lista de doenças relacionadas ao trabalho do Ministério do Trabalho, instituída pela portaria 1.339/99. Trata-se de um derivado de metal pesado que contamina o ambiente e é extremamente tóxico, considerado um dos mais perigosos para os seres vivos. A substância foi proibida para a utilização em taxidermia, ainda nos anos 1980, justamente por oferecer riscos à saúde. Além do câncer, também estão associados à intoxicação por arsênio as dores de cabeça, feridas na pele e problemas respiratórios.


“Eram comuns as dores de cabeça no final do dia”, conta a servidora citada no início desta matéria e que preferiu não se identificar por receio de represálias. Ela lembra que a colega Neusa Correia, que trabalhava no mesmo local vivia com feridas no rosto. Ela faleceu aos 70 anos, dois anos após se aposentar da Prefeitura. Uma outra servidora que também trabalhava no local e aposentada há pouco tempo, também passa por sérios problemas de saúde.


Saúde do trabalhador
Os diretores do Sismuc pretendem cuidar do caso de perto. Novas visitas técnicas, acompanhadas de especialistas para a realização de exames no local não estão descartadas. Para Eduardo Recker Neto, diretor do sindicato, a Prefeitura deve ser responsabilizada pelos problemas de saúde dos servidores, caso seja comprovada a relação com o local de trabalho. Para ele, houve irresponsabilidade quando foram alocados servidores em um prédio onde estão produtos químicos sem uma análise prévia.