Desqualificar ou valorizar? Serviço público pena com falta de investimentos e desvalorização

Mesmo com alguns setores da sociedade civil e política atuando para desqualificar os servidores e o serviço público, ele é essencial para garantir que a população acesse as políticas públicas básicas. Inclusive a crise sanitária, provocada pela pandemia da Covid-19, mostrou que foi graças a estes trabalhadores que a população foi acolhida na área da saúde, educação, assistência social e tantos outros setores.

Estes servidores não mediram e nem medem esforços para garantir que todas as estruturas públicas continuem em pleno funcionamento. Mas, a que custo? Dados do Departamento de Saúde Ocupacional (DSO) da Secretaria Municipal de Administração e de Gestão de Pessoal (SMAP) de Curitiba, mostram que durante 2020 a 2021, 74 servidores faleceram devido à contaminação pela Covid-19, sendo que o maior número de falecimentos se deu na Secretaria Municipal de Educação (SME), foram 29. Além disso, somente neste ano de 2022, 1383 trabalhadores públicos na capital paranaense estão afastados por CID F, ou seja, profissionais diagnosticados com algum transtorno mental ou de comportamento.

Para Roseli Albino Baltazar, auxiliar de enfermagem, de Curitiba, a pandemia obrigou que fosse feita uma reorganização no fluxo do trabalho de todos os profissionais, pois a luta era para garantir que todas as pessoas tivessem o melhor atendimento. Ela lembra que a Covid-19 trouxe medo e perdas inclusive para os trabalhadores públicos que atuaram no auge da crise sanitária.

“Tivemos muitas dificuldades com a chegada do vírus, pois precisamos modificar a forma de trabalharmos. Tivemos que nos ambientar à nova realidade, eram jornadas intensas, muitos pacientes e não era só os cuidados obrigatórios, também acalentamos, nós víamos o sofrimento nos olhos das pessoas. Nós também tínhamos muito medo, também perdemos pessoas, mas estávamos ali garantindo a continuidade do serviço público e continuamos diariamente”.

Os setores que atuam para desqualificar o serviço público, também não medem esforços para limitar e cortar investimentos na área, inclusive estimulam arduamente o preconceito contra as estruturas e os servidores, dizendo ser ineficiente, ultrapassado e até mesmo que os profissionais não trabalham como deveriam. Esses factoides criados propositalmente tem intenções bem planejadas: justificar privatizações, sucateamentos e reformas que retiram os direitos do funcionalismo público e da sociedade, situações que impactam a vida da sociedade.

Cortes em políticas públicas e reforma administrativa
O estudo, “A conta do desmonte – Balanço geral do orçamento da união”, divulgado em abril deste ano pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC) constatou que, nos anos de 2019 e 2021, primeiros três anos de governo Bolsonaro, se consolidaram como o período de definhamento nos investimentos em políticas públicas fundamentais para combater às desigualdades sociais e a preservação dos direitos humanos básicos. No auge da pandemia, em 2021, os dados demonstraram que os recursos que deveriam ser aplicados para combater a Covid-19 foram reduzidos em 79%, quando comparados ao ano anterior.

Mas não para por aí, o governo segue atuando para sucatear, desqualificar e desvalorizar o serviço público, isso porque colocou na mesa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, ou melhor, a “PEC da Rachadinha” e “PEC da Corrupção”, que visa destruir o serviço público, retirar direitos, fragilizar os servidores, enquanto amplia a corrupção e a privatização do Estado.

O projeto, que pode ser votado a qualquer momento pela Câmara dos Deputados, não só ameaça os servidores e o serviço público, mas traz inúmeros prejuízos para os brasileiros. “É um retrocesso que significa a perda dos direitos mínimos que garante que o brasileiro possa sobreviver, trabalhar com dignidade e ter condições de vida e saúde”, afirma a direção do SISMUC.