Com aumento de casos, Secretária de Saúde estimula volta às aulas

Na mesma semana em que Curitiba
registrou aumento no número de contágio da Covid-19, a secretária de Saúde Márcia Huçulak
aproveitou seu espaço nos veículos de comunicação para defender o retorno às
aulas. Com um discurso raso sobre o papel das unidades escolares, a comparsa de
Greca defendeu que algumas escolas e CMEIs deveriam estar abertas para atender
a população mais vulnerável.

A secretária parece ignorar que as famílias dos alunos e
os trabalhadores da educação são contrários ao retorno das aulas sem a garantia
de vacina e testes, como ficou comprovado na pesquisa realizada pela Secretaria
Municipal de Educação: mais de 80% das mães e pais se posicionou contra a volta
às aulas nesse momento. As declarações de Marcia Huçulak também desconsideram
que o desmonte na educação e na saúde, realizado pelo desprefeito Rafael Greca,
impede que esse movimento de retorno seja realizado. Além disso, a falta de
conhecimento da Secretária sobre a função da educação joga para a escola o
papel de realizar a assistência das famílias em vulnerabilidade social, o que
na verdade é papel do estado por meio das políticas públicas que têm sido
desmontadas por Greca.

A secretária falha em olhar para a realidade das
escolas de Curitiba: o desprefeito é o que menos investiu em educação nos
últimos 10 anos. E, não é só isso, a rede municipal de ensino não tem estrutura
suficiente para receber os alunos enquanto não houver vacina. Além disso, mesmo
que se adequasse a estrutura, o número de profissionais é incompatível com o
que seria necessário. Faltam mais de mil professores e professoras na rede, 43%
das unidades trabalham sem auxiliares de serviços escolares, e a defasagem no
administrativo é de mais de 300 profissionais.

O mundo de faz de conta

De acordo com a Universidade de Granada
(UGR), uma única turma de 20 alunos tem 74 contatos cruzados com outras pessoas
em apenas um dia. Em dois dias, o contato poderia chegar a 800 pessoas. Os
números mostram como o contágio pode se dar muito mais rápido com o retorno das
aulas presenciais, inclusive considerando que grande parte das famílias possuem
pessoas do grupo de risco que têm contato próximo com as crianças.

Mas, o mundo de faz de conta em
que vive a secretária
desconsidera que a Prefeitura não deu nenhuma condição para que as mães e pais trabalhadores
pudessem cumprir uma quarentena adequada. Agora, usa o discurso de que está pensando na
população mais vulnerável, para colocar a culpa nos trabalhadores da educação. Mas, a verdade é que ela é cúmplice
das posturas irresponsáveis e eleitoreiras de Greca! No início da
pandemia, demorou para tomar atitudes em relação aos Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs) dos trabalhadores da saúde, e não tem olhado para outras
profissões que estão na linha de frente com o cuidado que deveria, como é o
caso da Fundação de Ação Social (FAS), dos agentes de combate às endemias,
fiscais, entre outros.

Curitiba tem mais de 86 mil
desempregados, sendo que mais de 17 mil estudantes estão em situação de
vulnerabilidade social. E são para esses alunos que a Prefeitura tem virado as
costas quando ignora os ônibus lotados, os protocolos insuficientes, as poucas
medidas de prevenção e contenção da Covid-19 de forma coletiva na cidade e o
aumento no número de casos.

Ao contrário dos ricos, os
trabalhadores da cidade têm tido que achar formas de se manter e manter as
famílias seguras. E isso incluem os trabalhadores da educação, que precisam acompanhar
as aulas de seus filhos e ainda realizar trabalho remoto.

Falsa simetria ou politicagem?

Embora os dados sobre o retorno
presencial das aulas estejam em todos os lugares, a secretária de Saúde tentou utilizar um
exemplo europeu para dizer que a volta de algumas unidades seria segura. Mas,
por que não olhar para a realidade mais próxima de nós?

No Amazonas, por exemplo, após a
reabertura das escolas 10% dos professores da rede pública estadual testaram
positivo para Covid-19 – e, o pior, com o vírus ainda ativo! Os protocolos de
segurança não têm sido cumpridos, e nem sequer as recomendações de quarentena
por 14 dias. Em
alguns casos, o afastamento é apenas de 7 dias, de acordo com dados do jornal
El Pais.

E, o que garante que Curitiba
será diferente?
Profissionais de saúde infectados têm tido dificuldades para realizar testes
e de serem afastados, a fiscalização de estabelecimentos de comércio no
município quase não tem acontecido, e a redução da taxa de infecção durou
apenas uma semana.

Nós não aceitaremos o retorno às
aulas porque o isolamento
social é necessário para garantir a vida e a saúde desses trabalhadores
e também da comunidade! E se o estado não faz por nós, nós mesmo faremos!

Secretária de Saúde cede à pressão das escolas particulares

A intenção de Huçulak com essa declaração é evidente. A Secretaria de Saúde já autorizou as escolas particulares a retomarem as atividades extracurriculares presenciais, conforme ofício assinado pela própria secretária de saúde e enviado ao Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe) no último dia 31 de agosto. Dessa forma, o desgoverno Greca já deixou claro que está cedendo à pressão das escolas particulares, enquanto arrisca a vida da população.



Na prática, esse é o primeiro passo para a retomada das aulas presenciais, uma medida perigosa e preocupante que pode colocar em risco a vida dos estudantes e seus familiares. Aqueles que transformam o direito à educação em mercadoria não veem problemas em arriscar a vida de muitas pessoas em nome do lucro.



E quando essa decisão de retomada das atividades presenciais mesmo sem vacina e sem garantia de testes chegar até as escolas e CMEIs públicos, os problemas enfrentados com falta de equipe e estrutura precária virão à tona.



Não podemos aceitar que o desgoverno Greca brinque com a vida de estudantes e trabalhadores para ceder à pressão dos seus apoios políticos em ano eleitoral.