PIQ esconde: os problemas por trás das avaliações

Não bastasse a sobrecarga de trabalho que as professoras e
professores da rede enfrentam nas unidades escolares, a
gestão do prefeito Rafael Greca conseguiu precarizar ainda mais o dia a dia
desses trabalhadores com reorganização da avaliação de Parâmetros e Índices de
Qualidade (PIQ).

O ritmo imposto pela administração para que os formulários sejam
respondidos é incompatível com a realidade das unidades de ensino de Curitiba.
E, não à toa, os sindicatos já receberam denúncias de fraude
da avaliação diante dos prazos e dos recursos que as unidades têm à disposição.
Ou seja, a Prefeitura não oferece condições para aplicar o PIQ,
que tem um conteúdo bastante questionável, diga-se de passagem, cobra prazos
impraticáveis e não dá retorno nenhum sobre o resultado da avaliação para a
comunidade escolar.

É importante ressaltar que o PIQ é uma exigência do
governo federal e a aplicação de uma avaliação que pouco condiz com a realidade
das unidades de ensino não é uma particularidade do município de Curitiba.

Individual x coletiva

Não vamos nos enganar, os problemas com o PIQ não são de
hoje. Esse modelo de avaliação escolar é limitado e, na
maioria das vezes, não chega na raiz dos problemas
como: a falta de investimento e estrutura das unidades escolares.
As perguntas trazidas são muito bem pensadas pelo governo e
induzem a responsabilização dos professores e isentam o governo da avaliação.

A orientação da Prefeitura para as escolas neste ano é de que a
avaliação seja respondida de forma individual, isso também já aconteceu nos
CMEIs em anos anteriores. O método de responder coletivamente, por meio de uma reunião
com trabalhadores e comunidade, possibilita uma troca entre as partes e o
resultado evidencia uma posição daquela comunidade em relação aos diversos
aspectos da unidade e do ensino.

Agora, com a avaliação individual, isso não é possível. O fato
das mães e pais poderem responder a avaliação em casa pode tanto acabar com a
possibilidade de participarem do PIQ, devido à falta de acesso, quanto pode
eliminar a possibilidade de conversar com os trabalhadores nas unidades
escolares sobre os problemas. Na prática, a avaliação individual é
mais pobre porque não representa o saldo de uma discussão.

Falta de estrutura

A maior parte das unidades escolares da rede municipal de ensino
não conta com laboratórios de informática. Sem manutenção, substituição dos
equipamentos e investimentos, essas salas deixaram de funcionar ao longo dos
últimos anos e, sendo assim, não há possibilidade que toda a
comunidade escolar responda, individualmente, o formulário do PIQ.

Em geral, as avaliações servem apenas para fazer propagandas
superficiais e que não apresentam a realidade da educação de Curitiba.
Enfrentamos o problema da falta de profissionais nas unidades escolares. Faltam
professores, pedagogos, auxiliares de serviços escolares, por exemplo. Além disso,
parte das turmas estão superlotadas e temos um número crescente de
profissionais afastados para tratamento médico, consequência das condições
precárias de trabalho e da negligência da Prefeitura. A qualidade da educação abrange muito mais fatores do que essas
avaliações são capazes de mostrar.

Avalie o PIQ, não esconda nada

A orientação das direções do SISMUC e do SISMMAC é que as escolas e CMEIs realizem a avaliação do próprio PIQ. Foi possível realizar o PIQ na unidade? Toda a comunidade conseguiu participar com qualidade? Havia equipamentos disponíveis para todos aqueles que desejassem responder ao questionário? A conexão de internet era adequada? O sistema sofreu alguma queda durante o processo de resposta?



Para além de avaliar as condições para a realização do PIQ é preciso questionar o próprio instrumento, que não leva em consideração as condições de trabalho e de estudo enfrentadas por trabalhadores e alunos. Por isso, responda se a escola possui número suficiente de professores, pedagogos, auxiliares de serviços escolares, agentes administrativos e ou se os 33,33% de hora-atividade são garantidos na unidade. Se a estrutura da unidade é adequada para o número de crianças atendidas ou se há superlotação de turmas. Pontue os problemas enfrentados na escola e no CMEI e faça de fato uma avaliação do local.

Envie as suas respostas para o Núcleo Regional e para a Secretaria Municipal de Educação para o email sme@sme.curitiba.pr.gov.br e faça a sua crítica!