As eleições começaram

Pode
parecer cedo demais para começar a se preocupar com o voto. Ainda
mais que as eleições só devem ocorrer em outubro de 2018. Antes
disso ainda tem Copa do Mundo, feriados e um monte de coisas para os
brasileiros se preocuparem. No entanto, deixar para decidir o voto só
no final pode ser tarde demais. A decisão será tomada com base em o
que as candidaturas desejam mostrar, escondendo parte de suas
alianças e pensamentos. No período eleitoral, todo mundo defende os
trabalhadores, a saúde, a educação e a segurança. Mas é bem
antes que se revela se essas pautas são prioridades ou apenas
promessa.

A
experiência recente tem demonstrado que muitas coligações ou
brigas são apenas de fachada para enganar o eleitorado. Os acordos
explícitos ou de gaveta são fechados agora, em abril, quando
políticos com mandato têm que renunciar a determinados cargos para
buscar se manter no poder em outras posições.

O
Paraná tem dois exemplos claros disso. São do ex-governador Beto
Richa (PSDB) e do ex-ministro da fazenda, Ricardo Barros (PP). Ambos
preparam o terreno para, no jargão popular, “não largarem o
osso”. Carlos Alberto, que na eleição para o senado deve vender a
ideia de bom gestor, tem que ser avaliado pelos sete anos à frente
do Palácio Iguaçu. Nesse período, se notabilizou por agredir
servidores públicos, defender os interesses dos ricos e por casos de
corrupção. Quem olhar seu histórico dificilmente acreditará em
uma mudança brusca de posição.


Ricardo Barros, que foi governo com Dilma (PT), não teve escrúpulos
para embarcar no golpe de Michel Temer (PMDB) em busca de poder. Da
mesma forma, saltou dessa barca naufragada para navegar na
candidatura de sua esposa, Cida Borghetti (PP), vice de Richa, ao
governo do estado. Em outubro, ele e seu grupo político, incluindo
Maria Victoria (PP), que foi candidata à Prefeitura de Curitiba, se
venderão como novo, quando, na verdade, são velhas raposas da
política.

A
desconfiança, desde já, é a melhor atitude. Como embarcar na
candidatura de Ratinho Júnior (PSD) sendo que ele chancelou todos
ataques de Beto Richa contra os servidores, seja como secretário,
seja controlando dois partidos (PSD e PSC) dentro da Assembleia
Legislativa? Agora, ele pode até simular um afastamento, desgostoso
que está com o apoio oficial aos Barros. Mas, na prática, Ratinho é
o continuísmo da política neoliberal que defende os interesses
privados diante do fortalecimento das necessidades do povo. Não à
toa, Ratinho flerta com Bolsonaro (PSL), Alckmin (PSDB) e todo
candidato que possa lhe dar o poder, independente das alianças.

O
servidor público também deve desconfiar de qualquer mudança de
postura do atual prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN). Ele é
muito esperto e sabe que para eleger seus novos aliados políticos –
Richa e Cida Borguetti –, tem que diminuir os atritos dentro do
maior colégio eleitoral do estado. É tudo maquiavelicamente
calculado. Fez os pacotes de maldades no ano passado e pode até
fazer algumas concessões neste ano ainda alegando que praticou o mal
necessário. Bravata. Mais uma. Igual ao congelamento da passagem de
ônibus ocorrida em março. Alguém dúvida que a tarifa volte a
subir depois da eleição?

Olho
vivo! As eleições começaram e é necessário desmascarar João
Dórias, Crivellas, Bolsonaros, judiciário, mercado, coxinhas e
mortadelas que dizem lutar pelos interesses da população, mas estão
apenas defendendo sua marmita.

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Editorial do Jornal do Sismuc de abril de 2018