O que fazer com os cmeis parados?

No cmei Vila Nori II, no bairro Pilarzinho, localizado na Rua
Antonio Petruziello, a cena é desoladora.

Onde era para ter pelo menos começado a obra de um cmei, na
verdade a imagem é de um cemitério, com poucas estacas fincadas no terreno
abandonado.

A reportagem checou que, de seis equipamentos em obras com
previsão de entrega para 2017, três estão hoje com as obras paralisadas e ainda
inconclusas. O pior: desde 2015, outros doze cmeis foram concluídos, mas dez
deles não receberam uma única criança, apesar de inaugurados.

Com isso, gestão Greca (PMN) acena a terceirização da
educação infantil para preencher a estrutura ociosa
.

No caso da Vila Nori, o empreendimento sequer começou. E outros
dois estão com o equipamento pronto, sem qualquer uso. Os moradores relatam que
até mesmo a placa com os valores do empreendimento foi queimada e hoje serve de
tampa do lixo.

14 milhões

O descaso com equipamentos públicos na periferia é gritante. A
menos de um quilômetro da Vila Nori ficam casas esplendorosas às margens das
águas do parque Tingui. Entre o espaço de um quilômetro, uma verdadeira “Miami”
e o velho “terceiro mundo” não se encontram.

Ao todo, as obras de seis cmeis somam 14 milhões, isso apenas
na divulgação oficial nos canteiros de obras. Valor que, com paralisações e
retomadas de obras, pode ser na realidade ainda maior.

Parque industrial II e
Cmei Ferroviário I: obras paralisadas

“- Se pagar a gente termina. Mas estamos aqui há meses”,
afirma trabalhador no canteiro de obras do cmei Parque Industrial, obrigado a
esperar todo o dia devido à vigilância do local.

Ali, trabalhadores na obra afirmam que estão paralisadas há
semanas, com 50% das construções em andamento. A entrega está prevista para o
dia 30 de setembro de 2017, mas certamente a meta não será cumprida.

Situação idêntica é vivida em outra região no outro extremo da
cidade. No bairro Uberaba, o Cmei União Ferroviária I está concluído e também
está com os trabalhos paralisados. As duas obras são executadas pela
construtora Cazamuza. Na obra, a justificativa é de atraso nos repasses do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Embora procurados, a atual prefeitura, o ex-prefeito Gustavo
Fruet, e o próprio Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) não
deram respostas à assessoria do Sismuc.

Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE)

A Imprensa do Sismuc entrou em contato com o FNDE, principal
responsável pelo repasse de recursos, buscando informações sobre a situação dos
cmeis Vila Nori II, Parque Industrial e Rede Ferroviária. Ainda não obteve
resposta.

Em conversa com a assessoria de imprensa do fundo, foi
explicado que é possível que a obra não alcance o percentual de conclusão
necessário para receber novos repasses. “Há um termo de compromisso assinado,
se ele não completa a obra, se não chega lá e tem o objeto pronto no final, o recurso
tem que ser devolvido”, afirma assessoria de imprensa. Os contratos são
prorrogáveis, se a obra atrasa de alguma forma e justificar o atraso, o que
pode gerar aditivo de recursos.

Sobrecarga
de trabalho

O pior, porém, é a sobrecarga dos poucos cmeis de uma região,
uma vez que as crianças de pré e berçário são alocadas em creches conveniadas
com a prefeitura. “A diretora já avisou que vai começar a cobrar ano que vem”,
informa uma servidora presente no local.

Um dos moradores vizinhos, chamado Cleverson, vigilante,
afirma que a prima dele tem dificuldades para arrumar trabalho justamente pela
falta de vagas na matrícula da região.

É um exemplo de promessas feitas, cumpridas pela metade e que
se arrastam na periferia de Curitiba, causando expectativa e, muitas vezes,
frustração entre moradores.

Valores

Obras iniciadas em 2015: 6 inconclusas, ou em fase de conclusão:

R$ 2.680.830, 43 – Novo Mundo

R$ 2.600.000 – Ferroviário II*

R$ 1.904.698, 16 – Ferroviário I

R$ 2.097.408, 11 – Parque Industrial

R$ 2.285.209, 48 – Vila Verde II*

*Cmeis prontos, mas sem atividades

Cmei não iniciado:

R$ 2.489.421,15 – Vila Nori II

10 CMEIS visitados pela reportagem e não usados depois de conclusão e inauguração

Francisca Wilsek (Caiuá)

Maria do Rocio Ramina Maestrelli (Caiuá)

Jornalista Mussa José de Assis (Ganchinho/ Bairro Novo)

Ivo Arzua (Ganchinho/ Bairro Novo)

Campo do Santana (Timbori)

Rio Bonito

Moradias da Ordem

Moradias Rio Bonito IV

Em funcionamento:

Cmei São João

Cmei Jardim Futurama