No Brasil, comunidades ocupam imóveis por necessidade e sofrem risco de despejo forçado

Eliane Martins, dirigente do Movimento das/os
Trabalhadores por Direitos (MTD), enxerga que a atual crise econômica e
política empurra os trabalhadores a ocupações como a Flores do Campo, em Londrina, para fugir
do pagamento do aluguel.

“Isso explode nas famílias que têm renda mais baixa e,
quando precisam decidir coisas como pagar aluguel ou comer, decidem sair do
aluguel e partir para experiências como em Londrina, na ocupação Flores do
Campo”, aponta.

O período anterior, de acordo com ela, foi marcado por
programas de moradia incompletos, mas que o atual governo vai extinguindo.
Neste sentido, imóveis do programa Minha Casa Minha Vida em más condições ou
incompletos reforçam a necessidade de organização não só por moradia, mas
também pelos demais direitos sociais.

“Ou seja, são os serviços que as pessoas que vivem ali
precisam, mas que sejam pensados e geridos numa perspectiva de atender a
necessidade das pessoas e não de gerar taxas de lucro. Isso significa gestão popular,
com alta transparência”, diz.

Casos de
despejo forçado, no Paraná e no Brasil

Despejos
forçados e violência são cotidianos no Brasil. Selecionamos casos de ocupações
massivas que foram desapropriadas com uso de contingente policial, repercutindo
internacionalmente.

Fazendinha – 2008

Na manhã de 23 de outubro, mais de 1000 policiais despejaram
milhares de famílias da ocupação da rua João Dembinski, no bairro Fazendinha, sul
de Curitiba. A área de 170 mil metros quadrados pertencia ao grupo C.R.
Almeida. As famílias estavam há mais de um mês no local.

Famílias da calçada –
2009

Oito meses mais tarde, famílias despejadas no episódio do
bairro Fazendinha viviam na calçada em frente. De lá foram despejadas de novo,
desta vez pela prefeitura, Guarda Municipal e Polícia Militar, sem qualquer
local oferecido para as famílias.

Despejo da escola em
Piraquara – 2010

Em outubro de 2010, famílias ocuparam terreno considerado de
manancial, na região metropolitana de Curitiba. À época foram formados 350
lotes. No dia 2 de dezembro, porém, foi feita uma ação de despejo, com mil policiais.
A Prefeitura realocou a uma escola municipal as famílias que não tinham para
onde ir. Entre elas, mais de 50 crianças. Em pouco tempo a PM despejou as
famílias do pátio da escola.

BRASIL

Sonho Real – 2005

No dia 16 de fevereiro, a Polícia Militar de Goiás realizou
uma operação militar de guerra, chamada “Operação Triunfo”. Em uma
hora e quarenta minutos, 14 mil pessoas foram despejadas de suas moradias. A
Operação Militar produziu duas vítimas fatais, 16 feridos à bala e 800 pessoas
detidas. A impunidade no caso segue até hoje.

Pinheirinho – 2011 

No dia 22 de janeiro de 2012, o governo de Geraldo Alckmin
(PMDB) despejou mais de 1,6 mil famílias que ocupavam um terreno de 1,3 milhão
de metros quadrados, o conhecido caso do “Pinheirinho”. A operação foi marcada pela
truculência da PM e pela resistência dos trabalhadores.