O desrespeito de Greca às mulheres

No dia 27 de abril, o Sismuc
organizou ato de desagravo em defesa das servidoras municipais, em frente à
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Boa Vista.

O ato ocorreu em repúdio à
violência sofrida por uma enfermeira, agredida por usuária que aguardava
atendimento naquela unidade. O protesto foi mais amplo e abordou a violência
contra as mulheres no ambiente de trabalho, depois de denúncias de que servidoras
estão sendo humilhadas e inferiorizadas pela gestão.

A violência sofrida em local de
trabalho ainda não rendeu um estudo específico, mas é certo que o Sismuc vem
contabilizando anualmente casos de agressão contra servidores, que se dão contra diferentes segmentos
do funcionalismo, o que exige medidas oficiais de conscientização, propaganda e
criação de melhores condições de trabalho.

O prefeito Rafael Waldomiro Greca
(PMN) minimizou o episódio de violência contra a servidora e não ofereceu
melhorias na prevenção à violência contra servidores.

Na verdade, o alcaide tomou mais
uma das suas medidas atrapalhadas: o máximo que o gestor municipal propôs foi
uma porta na unidade de atendimento voltada para a rua, uma “rota de fuga” do
servidor no caso de uma situação de violência.

A Prefeitura, ao contrário,
deveria admitir sua responsabilidade por situações de insatisfação popular
contra o atendimento à saúde. O problema deveria ser superado com a contratação
de servidores públicos, equipamentos e políticas voltadas para a Saúde do
Trabalhador.

Não é o primeiro episódio machista de Greca. Em
debate em canal aberto de TV, ele teria afirmado que “função da mulher é cuidar
da casa”, ao garantir que sua esposa, Margarita Sansone, não ocuparia a
presidência da Fundação de Ação Social (FAS).

Os servidores públicos municipais,
organizados no Sismuc, são em sua maioria mulheres, que respondem por 85% da
categoria. As principais medidas dos doze projetos de ajuste fiscal remetidos
por Greca à Câmara de Vereadores afetam as mulheres, que muitas vezes são o
suporte do lar. Os cortes de direitos no caso do Plano de Carreira, dos
reajustes salariais e mudanças na Previdência são um duro golpe contra
professoras de educação infantil, assistentes sociais, profissionais da saúde e
servidoras no geral.

Os lares curitibanos serão
impactados por essas medidas, tomadas por um prefeito que janta em bons
restaurantes com o empresariado.

Outra medida anterior de Greca que afetou as servidoras
foi a revogação da Portaria nº 722, que permitia apresentação para a chefia
imediata de atestados médicos de até três dias de servidores ou dependentes,
sem passar pela perícia. Isso prejudicou as trabalhadoras que possuem filhos
pequenos.

Um prefeito como Greca, sempre
midiático e preocupado com a própria imagem, não deveria dar mais atenção às
mulheres, esta parcela da sociedade cada vez mais organizada e protagonista nos
dias de hoje?

Caso a Câmara Municipal não
devolva os projetos para Greca, que deveria abrir um canal de consulta e
diálogo com a sociedade, essas mesmas mulheres devem protagonizar uma greve
histórica do funcionalismo público municipal.

Da nossa parte, nós nunca
duvidamos da força das servidoras!