Impeachment coloca futuro de servidores em risco

O Brasil vive um processo delicado no qual o Sismuc –
Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba – deve se posicionar. Afinal, a
saída da Presidência da República tem impacto direto na vida do trabalhador e
na organização sindical. Ainda mais porque aqueles que patrocinam o processo de
impeachment são os mesmos que historicamente atacam os direitos dos servidores
municipais. São os mesmos que buscam tornar greves e mobilizações ilegais, que
combatem o serviço público, incentivam a terceirização, se colocam contrários a
redução de jornada, entre outros.

E o maior representante para ameaça do futuro dos municipais
é Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele usa de manobras e chantagem pessoal para
encaminhar o impeachment da Presidência da República, algo que fere as regras
democráticas. Vários exemplos de má conduta e autoritarismo têm ocorrido com a
ação de Cunha para barrar seu processo de cassação no Conselho de Ética que
investiga suas milionárias contas na Suíça, fruto de corrupção e propina.

Neste sentido, em um futuro próximo, o que se está
estabelecendo é um modelo de imposição de pautas sobre os interesses coletivos.
Não tardará para que se agrave e torne comum a postura de governantes que
imponham nossos salários, nossa organização, que ataquem nossa previdência, que
permita exonerar servidor para enxugar a folha, mas mantenha os cargos
comissionados. É preciso combater a concretização dessa possibilidade e ela
começa com Eduardo Cunha.

Agora se esse plano prosperar, não só o governo será
impedido, mas também a pauta dos trabalhadores. O programa apresentado pelo
vice-presidente Michel Temer, chamado uma “Ponte para o Futuro” é uma carta
amigável aos mercados. Esse plano defende limites para a dívida pública, que
significa cancelar concursos públicos, novos Planos de Carreira e crescimentos.
Também congela salários de aposentados para fazer caixa para banqueiros. Além
disso, cria um comitê gestor de programa sociais que pode acabar com o Bolsa
Família, Minha Casa Minha Vida, FIES e outros programas que trazem remuneração
social ao servidor.

Recessão econômica

O impacto de golpe parlamentar a partir do impeachment não
seria pequeno para a economia brasileira já enfraquecida. Especialmente, ele abre
espaço para todo tipo de manobra oportunista, colocando em risco a democracia
conquistada com décadas de luta, democracia da qual o próprio Sismuc é fruto.

Com o impedimento, o quadro de crise econômica trará
reflexos no orçamento das esferas estaduais e municipais, desde a aplicação do
ajuste fiscal até o esforço de estados e municípios em mexerem nos fundos de
previdência dos servidores públicos. Tudo indica – e vários editoriais de
jornais ligados a essa mesma elite – que o impeachment piorará ainda mais a
economia.

Enfim, ninguém quer o Cunha ou a virada de mesa na
democracia. Se ele continua lá, é para operar um último grande esquema de
corrupção: o golpe por meio do impedimento antidemocrático da Presidência da
República. É preciso resistir.

Ele abre espaço para todo tipo de manobra oportunista, colocando em risco a democracia conquistada com décadas de luta, democracia da qual o próprio Sismuc é fruto.