Beto Richa prefere a ‘ordem’ à consciência

O governador do Paraná Beto Richa declarou à rádio CBN (26 de abril) que “Uma pessoa com curso superior é insubordinada”. Ele se posiciona contrariamente a exigência que os policiais militares necessitem de curso de nível superior para ingresso na carreira. Disse Richa: “Uma pessoa com curso superior muitas vezes não aceita cumprir ordens de um oficial ou superior de uma patente maior”. Um absurdo.

A declaração do governador foi dada pouco tempo depois (fevereiro de 2012) de difícil convivência entre o chefe da segurança pública (que é ele) e o protesto de PMs e policiais civis por  reajuste salarial e valorização na carreira. Beto Richa, com a sua fala, dá a entender que não precisamos de ‘gente que pensa’ e sim de meros executores.  Considero que a postura de Beto está errada. 
 
Como guarda municipal, participo dos coletivos, encontros e fóruns de segurança pública e sempre defende mais formação aos agentes de segurança pública com o objetivo de ver índices de criminalidade diminuírem. O profissional, independente da carreira, sempre tem que estar se aperfeiçoando para melhor desempenhar sua função.  Tanto que um dos principais itens da pauta específica da GM com a prefeitura de Curitiba foi a capacitação profissional. Conseguimos que a prefeitura assumisse o compromisso de encaminhar ao Sismuc a grade dos cursos a serem oferecidos à guarda municipal para que pudéssemos fazer sugestões.
Mas nem tudo está resolvido. O ingresso nas carreiras de segurança pública na Guarda Municipal, por exemplo, é de nível médio, mas sempre lutamos para mudar esse critério, principalmente porque a grande maioria dos GMs ou está cursando ou tem nível superior.
 
Por fim, Richa "não mente" quando diz que se os policiais tiverem mais conhecimento vão ser "indisciplinados". Mas eu acredito que é dever deles confrontar muitas ordens absurdas enviadas por oficiais que, em sua maioria, utiliza-se de sua patente para apenas "mandar" em seus subordinados. Agora, resta à população escolher se prefere a “ignorância e disciplina” ou a “formação e o questionamento” para ter mais segurança.