O SISMUC participou do 31º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, realizado entre os dias 4 e 7 de dezembro, no Rio de Janeiro. O evento reuniu comunicadores sindicais, dirigentes de entidades, pesquisadores e militantes de movimentos sociais para discutir os desafios da comunicação e da mobilização da classe trabalhadora em um contexto marcado pela digitalização das relações de trabalho e pela disputa de narrativas no espaço público. O curso ocorreu na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Ao longo de quatro dias, 190 participantes de todas as regiões do país, representando cerca de 100 sindicatos, movimentos sociais, coletivos e organizações de base, se reuniram para 12 mesas de debate, 45 palestrantes, oficinas, exibições de filmes e atividades culturais, somando mais de 35 horas de atividades formativas.
Adriana Cláudia Kalckmann, da Secretaria de Políticas Sindicais e Relações de Trabalho, ressaltou a trajetória do SISMUC e a importância de estar no espaço. “Tenho o privilégio de estar no SISMUC, que segue sendo uma das referências de comunicação sindical no país. Nós já fizemos, no passado, um trabalho importante de produção de livros, de fortalecimento dos nossos jornalistas e de financiamento de material político e formativo. Hoje vemos outras entidades retomando esse caminho, que é fundamental”, afirmou.
A coordenadora destacou ainda a pluralidade política e organizativa presente no encontro. “Foi um momento de muita diversidade. Teve gente de todo o país, de várias forças e de vários movimentos. Você encontra representantes da CUT, outras centrais sindicais e diversos partidos políticos de esquerda. Essa pluralidade fortalece o debate e amplia a troca de experiências”, afirmou.
Para Leo Silva, comunicador popular e sócio da agência Altvista, que contribui para a construção da comunicação do SISMUC, o Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação é um espaço estratégico para refletir sobre os desafios e a necessidade de inovação na comunicação sindical. “O NPC e seu curso anual são fundamentais na evolução da comunicação sindical e o SISMUC sempre foi entusiasta dessa proposta. Desde a pandemia o mundo tem se transformado em uma velocidade imensa e comunicação ainda mais”. Ele acrescente que desde 2021 o SISMUC e sua direção entendem a necessidade de corresponder a essas mudanças. “Foi necessário investimento, vontade política e ousadia para trazer coisas novas para um ambiente que precisa evoluir muito ainda, isso é ser referência de inovação. Mas temos muito ainda para avançar.”
Segundo Adriana, o curso provocou reflexões importantes sobre os rumos da comunicação sindical. “O principal foi pensar na retomada da linguagem e na necessidade de se aproximar novamente da base, inclusive com o uso de material manual. Não se trata de abandonar as mídias digitais, mas de não priorizá-las em detrimento do contato direto”, avaliou. Para ela, o desafio passa por resgatar práticas históricas de diálogo. “É voltar a estar nas esquinas, nas praças, nos locais de trabalho, fazendo a conversa direta com o trabalhador”, completou.
De acordo com Niuceia de Fátima Oliveira, coordenadora da Secretaria de Mulheres do SISMUC, é importante destacar que a comunicação tem um papel fundamental em trazer as pautas que afetam diretamente a vida da classe trabalhadora, inclusive as das trabalhadoras. “Representar a nossa entidade pela pasta de mulheres é a responsabilidade de realizarmos uma agenda capaz de fazer valer o olhar para as questões de gênero que enfrentamos nos diferentes segmentos de trabalho na Prefeitura de Curitiba”.

Para Fabiula Rizzardi, secretária de gênero e direitos LGBTQIA+ do SISMUC, a participação no curso foi estratégica para fortalecer o vínculo entre a direção sindical e as categorias representadas. Segundo ela, a formação contribuiu diretamente para a elaboração de estratégias de aproximação com a base, qualificando o diálogo, a escuta e a construção coletiva no cotidiano sindical. “A vivência no curso possibilitou refletir sobre práticas sindicais mais próximas da base, fortalecendo a atuação política e organizativa. Os debates das mesas ampliaram o entendimento sobre o cenário atual das lutas da classe trabalhadora, com análises atualizadas e trocas de experiências que ajudam a enfrentar, de forma mais consciente, os desafios colocados às categorias”, afirmou.
Comunicação profissional e modernização sindical
Atualmente, o SISMUC conta com uma equipe dedicada à comunicação, formada por jornalistas profissionais, designers, social media e publicitários que atuam integradamente na produção e difusão de informações. Esse trabalho estruturado garante apuração rigorosa, responsabilidade com os conteúdos publicados e cuidado permanente com a forma como as informações chegam à base e à sociedade.
Na gestão SISMUC Somos Nós, Sindicato pra Valer, houve um processo de aprimoramento e modernização da comunicação sindical, com uso qualificado das ferramentas digitais, atualização do site institucional e fortalecimento das estratégias nas redes sociais. O avanço também se deu na linguagem, na identidade visual e na adoção de diretrizes transparentes, como a construção de uma linha editorial. Esse conjunto de práticas contribui para qualificar o debate público, fortalecer a credibilidade da entidade e impactar positivamente a forma como o SISMUC é reconhecido, de dentro para fora, como referência em comunicação sindical responsável e comprometida com a informação de qualidade.
A comunicação sindical como estratégia de luta
O curso promovido pelo Núcleo Piratininga de Comunicação articulou formação histórica, análise de conjuntura e práticas de comunicação voltadas à organização coletiva e à disputa de narrativas no mundo do trabalho. A centralidade do tema foi reforçada por pesquisa encomendada pela Central Única dos Trabalhadores e pela Fundação Perseu Abramo, que ouviu presencialmente 3.850 trabalhadores, com margem de erro de 1,6 ponto percentual.
Os dados indicam que 52 por cento dos entrevistados estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a atuação sindical. Quando questionados sobre como os sindicatos poderiam representar melhor a categoria, 49,4 por cento apontaram a necessidade de maior presença nos locais de trabalho e 37,5 por cento destacaram a melhoria da comunicação. Para a coordenadora do NPC, Claudia Santiago, “a pesquisa evidencia que a comunicação é vista pelos trabalhadores como uma dimensão estratégica da ação sindical, não como acessório”.
A programação também abordou o papel da comunicação sindical diante do avanço do adoecimento mental, especialmente entre trabalhadores da educação. O debate evidenciou a mudança no perfil dos afastamentos, hoje marcados majoritariamente por transtornos psíquicos associados à intensificação do trabalho, à imposição de metas e à precarização das condições profissionais, realidade que atravessa tanto a rede pública quanto a privada e impacta diretamente a saúde da categoria. Leila Moraes, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica de Sergipe, observou a mudança no perfil dos afastamentos. “Antes, os problemas eram majoritariamente físicos. Hoje, o que predomina são transtornos mentais, resultado de um modelo que adoece ao transformar a educação em números e metas”.
Outro eixo central tratou da composição atual da classe trabalhadora brasileira, marcada pelo crescimento da informalidade e da plataformização do trabalho. O debate destacou a ampliação do contingente de trabalhadores sem vínculo formal, a exclusão de direitos e os desafios de organização coletiva nesse contexto, no qual a comunicação digital se apresenta, ao mesmo tempo, como ferramenta de mobilização e espaço permanente de disputa de narrativas.
Os impactos do modelo produtivo sobre o meio ambiente e a vida da classe trabalhadora também estiveram em pauta. Pesquisadores apontaram que desastres ambientais, mudanças climáticas e a exploração intensiva dos recursos naturais aprofundam desigualdades históricas e atingem de forma mais intensa trabalhadores do campo e das periferias urbanas. A programação incluiu ainda reflexões sobre violência de Estado e segurança pública, destacando o papel da comunicação na construção social das narrativas sobre essas mortes e na definição de quem é reconhecido como vítima ou tratado como alguém sem direito à vida.
Desafios para o movimento sindical
Ao final do encontro, os participantes refletiram sobre os desafios da comunicação sindical diante de rápidas transformações tecnológicas e sociais. O principal desafio identificado foi o fortalecimento de práticas comunicacionais que ampliem o diálogo com a base e enfrentem a desinformação, contribuindo para a mobilização coletiva.
O 31º Curso Anual do NPC reafirmou a necessidade de formação crítica permanente e de políticas públicas que garantam uma comunicação democrática, comprometida com os direitos sociais e o interesse público.
Importante destacar que a comunicação tem um papel fundamental em trazer as pautas que afetam diretamente a vida da classe trabalhadora e também é instrumento importante na mobilização de uma construção societária. Por isso poder representar o SISMUC pela pasta de MULHERES é também a responsabilidade de realizarmos uma agenda capaz de fazer valer o olhar para as questões de gênero que enfrentamos nos diferentes segmentos de trabalho na Prefeitura de Curitiba.


