Nota de repúdio contra os feminicídios ocorridos em Curitiba. Odara presente, hoje e sempre

Foto: APP Sindicato

Odara Victor Moreira, de 29 anos, foi assassinada dentro de sua própria casa no último sábado (13), no bairro Água Verde, em Curitiba. Trabalhadora da APP-Sindicato há seis anos, atuava no atendimento da entidade. Seu assassinato evidencia que a violência contra as mulheres está mais próxima do que muitos imaginam, atravessando espaços cotidianos, relações próximas e os próprios ambientes em que vivemos e atuamos.

A morte de Odara soma-se a outros dois feminicídios registrados em Curitiba em menos de uma semana. Na terça-feira (9), uma mulher de 51 anos foi assassinada pelo ex-companheiro no Centro da cidade. Já na sexta-feira (12), outro crime ocorreu no bairro Jardim das Américas, onde uma mulher foi morta dentro de casa, na presença do próprio filho de 8 anos. Em poucos dias, três mulheres tiveram suas vidas brutalmente interrompidas, revelando a gravidade da violência de gênero e a falência das políticas de prevenção.

Também é preciso lembrar da trabalhadora Vaneza Matias da Silva, assassinada brutalmente pelo companheiro no bairro Sítio Cercado, reforçando que a violência contra as mulheres segue sendo uma realidade persistente e inaceitável.

Os dados oficiais confirmam uma realidade denunciada diariamente pelas mulheres. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, o estado já contabiliza 71 feminicídios em 2025, até o dia 14 de dezembro. Em 2024, foram 109 casos. Não se trata de números frios, mas de vidas interrompidas, de alertas ignorados e de pedidos de ajuda que não resultaram em proteção efetiva.

O Brasil vive uma escalada alarmante de assassinatos de mulheres. A maioria ocorre dentro de casa e é cometida por companheiros ou ex-companheiros, inclusive em situações em que já havia denúncias e medidas protetivas. As mulheres seguem pedindo socorro, enquanto o Estado falha em garantir respostas rápidas e eficazes.

O enfrentamento ao feminicídio exige posicionamento firme e responsabilidade coletiva. O silêncio, a omissão e a conivência também produzem violência. É necessária uma mudança estrutural, com compromisso real com a vida das mulheres e responsabilização dos agressores.

As leis existem, mas não têm sido suficientes para impedir as mortes. É fundamental garantir sua aplicação, com investigações rigorosas, punição exemplar e políticas públicas que atuem de forma preventiva. O combate ao feminicídio precisa deixar de ser discurso e se tornar prioridade absoluta.

Neste mês, mulheres ocuparam as ruas em mobilizações como o “Mulheres Vivas”, denunciando a impunidade e exigindo justiça. Os inúmeros casos de assassinatos, agressões e violências demonstram que essa realidade é sistemática, nacional e sustentada pela negligência do poder público.

Diante desse cenário, cobramos dos governos municipal, estadual e federal ações imediatas, integradas e eficazes para prevenir e combater a violência contra as mulheres. É imprescindível fortalecer as redes de denúncia, garantir acolhimento, ampliar políticas de proteção e assegurar que nenhuma mulher seja deixada para trás.

Seguiremos denunciando, cobrando justiça e lutando para que nenhuma mulher seja silenciada. A memória de Odara Victor Moreira e de todas as vítimas do feminicídio permanece viva em nossa luta. Enquanto uma mulher estiver em risco, estaremos em resistência. Nenhuma a menos.


Você não está sozinha

Se você é mulher e vive qualquer forma de violência, procure ajuda imediatamente em um local seguro, como a Casa da Mulher Brasileira, a Delegacia da Mulher, o Ministério Público, ou ligue para o número 180. Lembre-se: o SISMUC também está disponível para te acolher e orientar.

Busque também apoio de uma amiga, de um familiar ou de alguém de confiança. A violência nunca é culpa da vítima e não precisa ser enfrentada sozinha.

Se você presenciar qualquer situação de violência, não se omita. Ligue 180 e faça a denúncia, inclusive de forma anônima. Denunciar também é salvar vidas.