Foto: Rodrigo Fonseca/CMC
Famílias curitibanas irão pagar mais caro pelo IPTU em 2026. É isso que decidiram 27 vereadores ao aprovar o projeto do prefeito Eduardo Pimentel que autoriza o aumento de até 18% no imposto. Apenas 11 parlamentares foram contra o projeto. O reajuste decorre da revisão da Planta Genérica de Valores (PGV), instrumento que atualiza o valor venal dos imóveis e, por consequência, a base de cálculo do imposto, e impactará aproximadamente 61 mil famílias. A aprovação ocorreu em regime de urgência, sem ouvir a população e sem divulgação de estudos detalhados sobre o impacto da medida na cidade.
De acordo com os dados anexados ao texto aprovado, Curitiba possui cerca de 980 mil imóveis cadastrados. Desse total, 135 mil unidades ficarão isentas do IPTU por terem área construída de até 70 m² e valor venal de até R$ 232 mil. A maior parte dos contribuintes, cerca de 784 mil imóveis, terá apenas a correção pelo IPCA, sem impacto da revisão da PGV. Já o grupo mais afetado – aproximadamente 61 mil imóveis – será diretamente atingido pela nova Planta Genérica e poderá enfrentar aumentos expressivos, chegando ao teto de 18% estabelecido pela trava do imposto.
A Prefeitura sustenta que o limitador, conhecido como trava do IPTU, funcionaria como proteção aos contribuintes. Esse dispositivo estabelece que imóveis de menor valor só podem ter aumento equivalente ao IPCA somado a até R$ 290, enquanto as demais propriedades podem chegar ao teto percentual de reajuste. Na prática, contudo, os imóveis afetados pela revisão da PGV tendem a encostar no limite máximo, o que explica a dimensão do impacto concentrado nesse grupo.
Apesar desse argumento, o Executivo não apresentou mapas de impacto, simulações por bairro ou análises socioeconômicas que indiquem como o aumento se distribuirá pelo território. Em uma cidade onde regiões inteiras têm sofrido forte valorização imobiliária, a ausência de dados impede uma avaliação precisa sobre o peso do reajuste em áreas de menor renda. Ainda assim, documentos da Prefeitura mostram expectativa de aumento considerável de arrecadação nos próximos anos, o que reforça o caráter fiscal da medida.
A aprovação também entra em choque com declarações do prefeito durante a campanha eleitoral. Em entrevista concedida à CNN, quando questionado sobre possível aumento do IPTU, Eduardo Pimentel respondeu que não aumentaria o imposto. “Da minha parte não tem nenhuma previsão disso acontecer, não há previsão de aumento do imposto na cidade de Curitiba.” Na ocasião, argumentou que a situação financeira do município estava equilibrada. “As contas aqui da cidade estão regulares, estão em dia, nós fazemos um orçamento público muito ajustado”, afirmou. O prefeito acrescentou que a gestão vinha atuando com responsabilidade fiscal. “Eu falava isso no período eleitoral, se você gastar mal, como nas contas de casa, seis meses ou um ano, você pode entrar no vermelho, mas nós temos feito pelo contrário, uma organização das contas, trabalhando com responsabilidade”, declarou.
Para o SISMUC, a forma como o aumento foi conduzido, sem audiências públicas, sem participação social e sem estudos técnicos amplamente divulgados, revela um modelo de gestão que negligência os impactos sobre trabalhadoras, trabalhadores, aposentados e famílias que vivem de aluguel. “Defendemos que alterações na PGV devem ser acompanhadas de diagnósticos públicos, análises territoriais e debate real com a população, sobretudo em períodos de perda do poder de compra e encarecimento do custo de vida”.
Vereadores que votaram a favor do aumento do IPTU
Andressa Bianchessi (União Brasil)
Toninho da Farmácia (PSD)
Beto Moraes (PSD)
Serginho do Posto (PSD)
Sargento Tania Guerreiro (Podemos)
Sidnei Toaldo (PRD)
Eder Borges (PL)
Pier Petruzziello (PP)
Hernani (Republicanos)
Indiara Barbosa (Novo)
João da 5 Irmãos (MDB)
Leonidas Dias (Podemos)
Zezinho Sabará (PSD)
Nori Seto (PP)
Carlise Kwiatkowski (PL)
Guilherme Kilter (Novo)
Meri Martins (Republicanos)
Olimpio Araújo Junior (PL)
Rafaela Lupion (PSD)
Rodrigo Marcial (Novo)
Tiago Zeglin (MDB)
Bruno Rossi (Agir)
Tico Kuzma (PSD)
Vereadores que votaram contra o aumento do IPTU
Giorgia Prates – Mandata Preta (PT)
Angelo Vanhoni (PT)
Vanda de Assis (PT)
Marcos Vieira (PDT)
Laís Leão (PDT)
Lorens Nogueira (PP)
Camilla Gonda (PSB)
Professora Angela (PSOL)
João Bettega (União Brasil)
Da Costa do Perdeu Piá (União Brasil)
Bruno Secco (PMB)


