Foto: Rodrigo Fonseca/CMC
O SISMUC repudia veementemente a conduta violenta e hostil do vereador de Curitiba, Guilherme Kilter (Novo), ao abordar um homem em situação de rua, na semana passada. Além da atitude inadequada para um parlamentar eleito democraticamente pelo povo, o vereador ainda gravou a ação e publicou em suas redes sociais, expondo aquele cidadão que já se encontra em vulnerabilidade social.
No evento em questão, o vereador pergunta onde o homem mora, mesmo observando que todos os seus itens pessoais estão na calçada e ele se encontra em situação de rua. O parlamentar, em seguida, questiona se possui trabalho, no que foi respondido que “vende bala” e mantém a discussão, o que leva a uma resposta mais exaltada do rapaz que acabou detido por desacato. Ao final do vídeo, Guilherme Kilter afirma: “O cidadão foi preso, um nóia que estava lá xingando a gente, levantou a voz com todo mundo. No fim do dia, a Prefeitura levou as coisas dele, a praça está limpa e agora vai receber o tratamento adequado. A gente precisa ser duro”.
A postura do vereador se alinha à política higienista e assistencialista adotada pelas últimas gestões municipais de Curitiba. A assistência social vem cada vez mais sendo negligenciada pela Prefeitura. Rafael Greca, quando assumiu a prefeitura em 2017, implementou diversos cortes em programas sociais, fechou guarda-volumes e condomínios sociais que atendiam a população em situação de rua e descontinuou algumas unidades do CRAS em diferentes regionais da cidade. Eduardo Pimentel (PSD) segue desmantelando direitos e sem retomar os programas interrompidos, deixando equipes técnicas da FAS sobrecarregadas, sem estrutura e sem condições de garantir proteção integral às pessoas que mais precisam.
A vereadora Giorgia Prates (PT) entrou com uma representação no Ministério Público do Paraná e na Defensoria e no Conselho Municipal de Direitos Humanos para que a conduta do vereador seja avaliada. “Porque filmar, expor e constranger uma pessoa em situação de rua não é política pública. E essa casa não pode mais naturalizar esses vários tipos de abuso. A verdadeira pergunta que fica é, onde mora a consciência de um agente público quando ele usa a dor do outro como palco político?”, manifestou.
A interpelação do parlamentar, além de violar direitos humanos básicos e ir ao desencontro com o que a legislação federal prevê para a abordagem da pessoa em situação de rua, atrapalha o trabalho realizado pelas equipes da FAS, aponta Ariane de Assis Andrade, educadora social e direção do SISMUC. “Acaba afastando do trabalho que a assistência social tem como primazia com a pessoa que a gente vai atender, e coloca em risco os educadores sociais que farão a aproximação e vinculação com as pessoas naquele mesmo local futuramente”, afirma.
Além da violência, a população em situação de rua tem de conviver com a desumanidade. O Supremo Tribunal Federal combate a criminalização da pobreza, por meio de leis que proíbem a remoção forçada e retirada de pertences.


