Curitiba arrecada 14,5 bilhões em 2025 e prevê arrecadar 15,42 bilhões em 2026, mas servidores municipais seguem desvalorizados

Foto: José Fernando Ogura/SECOM

Curitiba prevê o maior orçamento de sua história para 2026: R$ 15,42 bilhões, valor 6,3% maior do que o registrado em 2025, quando a cidade arrecadou R$ 14,5 bilhões. O montante faz parte do projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA), apresentado na última quinta-feira (25/9) pelo prefeito Eduardo Pimentel ao presidente da Câmara Municipal, Tico Kuzma, junto com o Plano Plurianual (PPA) 2026-2029, que projeta R$ 60,16 bilhões ao longo do período.

O crescimento bilionário, ano após ano, das receitas poderia se traduzir em valorização do funcionalismo público. Mas, para os servidores municipais, os números impressionantes não se refletem em salários dignos, concursos públicos ou melhorias nas condições de trabalho. Nada disso chega aos servidores, que seguem sem valorização, profissionais e estruturas adequadas nas unidades.

Uma das carreiras que mais sofre com essa situação é a dos trabalhadores e trabalhadoras que atuavam como cozinheiras, polivalentes e auxiliares administrativos operacionais. Com suas carreiras extintas em 2020, hoje eles atuam em desvio de função em outros cargos, como inspetores de escola. Não há previsão nem estudo de impacto orçamentário para revisar seus salários, que atualmente estão defasados em cerca de 20%.

Os professores de educação infantil também sentem o impacto da falta de investimento. Mesmo com reajuste federal anual previsto em lei, em Curitiba o piso deveria ser corrigido em 6,27%, mas até agora não foi pago e nem sequer há previsão. Além disso, a falta de servidores compromete diretamente as condições de trabalho e o direito à hora-atividade.

Na assistência social, os servidores convivem com a ausência de uma secretaria própria, situações recorrentes de assédio moral e falta de investimento estrutural. Faltam profissionais para completar o quadro da FAS, as unidades de acolhimento estão precárias, sem manutenção, e há infestações de pragas urbanas, como ratos. CRAS e CREAS foram fechados nos últimos anos, deixando lacunas importantes no atendimento à população.

Na saúde, os recursos chegam em grande parte às organizações terceirizadas que gerenciam Unidades de Saúde e UPAs. Para os servidores públicos, sobra a falta de concursos para equipes completas, a ausência de programas de combate ao assédio moral e sexual, condições inadequadas de trabalho e equipamentos, e distorções no pagamento do piso salarial da enfermagem, sem valorização de todos os profissionais.

Os aposentados do serviço público municipal também sentem a falta de investimento. Desde janeiro de 2022, 14% de tudo o que recebem é descontado, mesmo após anos de contribuição durante a vida ativa.

Outras categorias seguem na mesma situação: trabalhadores da SMELJ, auxiliares administrativos, profissionais do IPPUC, fiscalização e segurança convivem com salários defasados, ausência de concursos, sobrecarga e adoecimento mental. O quadro é o mesmo: há recursos, mas não há políticas concretas de valorização para quem mantém a cidade funcionando.

Apesar de Curitiba investir bilhões, muitos destinados a empresas terceirizadas, o funcionário público que faz a cidade viver e acontecer não usufrui desse investimento. Ao contrário, continua penando com estruturas precárias, salários congelados e ausência de reconhecimento, enquanto os números bilionários do orçamento parecem destinados apenas para constar no papel.

O SISMUC reforça que a Prefeitura Municipal precisa investir em quem faz a cidade funcionar de verdade. Curitiba Merece o Melhor, e isso significa valorização, concursos, salários dignos e condições de trabalho para todos os servidores municipais.