A mesa de negociação da tarde desta quarta-feira, 24 de setembro, tratou da pauta específica dos analistas de desenvolvimento organizacional (ADOs), que aproveitaram o momento para resgatar o histórico deste cargo na Prefeitura — que passou por um novo enquadramento no plano de carreira da década de 1990. Os servidores entregaram à Secretaria de Gestão de Pessoal um relatório que contempla a defasagem financeira, bem como o impacto financeiro mínimo que a recomposição remuneratória causaria, caso aprovada.
Por 23 anos, os analistas de desenvolvimento organizacional foram enquadrados na mesma tabela salarial junto de outros analistas e cargos de nível superior — que passaram a receber gratificações técnicas, incorporas nos seus vencimentos iniciais. Porém, o mesmo não aconteceu com os ADOs, que não receberam qualquer gratificação técnica ou especial, resultando em defasagem salarial e desvalorização da carreira. Os outros analistas são enquadrados em outra tabela salarial, e a Prefeitura deixa os ADO’s para trás no que se refere à valorização.
Considerando este aspecto, o SISMUC apresentou em mesa um levantamento que evidencia as perdas salariais que já somam 104,28% em relação ao vencimento inicial da carreira. Desde 2014, esses profissionais enfrentam um processo contínuo de desvalorização, com salários defasados e cada vez mais distantes da realidade praticada no mercado de trabalho.
“O analista de desenvolvimento organizacional se tornou quase uma carreira de passagem, porque a Prefeitura não consegue reter esses servidores se houver um concurso com salário mais atrativo”, manifesta Juliana Mildemberg, coordenadora geral do SISMUC, lamentando que a gestão municipal acaba perdendo esse capital intelectual.
“A nossa carreira ficou estagnada, esquecida no passado. A própria descrição de atividades não contempla todas as áreas que o administrador pode trabalhar. Eu fiz 4 pós-graduações, participei de comissões, segui todos os critérios exigidos para um servidor se aposentar bem, mas a realidade não condiz”, afirma Christine Jakobi, servidora aposentada.
A alteração do nome do cargo e das suas atribuições também foi tópico da reunião, justificada pela falta de reconhecimento dos trabalhadores com a nomenclatura. A sugestão da categoria é a de que o nome seja alterado para analista de administração, pois é um profissional que atua estrategicamente em processo de alta complexidade, planejando, organizando e controlando recursos, gerenciando atividades orçamentárias, controladoria, contabilidade e orçamento público, auditoria contábil e operacional, desenvolvimento de estratégias e planos estratégicos, indicadores de desempenho e acompanhamento de resultados, otimização do desempenho das pessoas e sua satisfação, entre outros.
A SMGP informou que a previsão é de que em 2026 seja feita essa revisão na carreira. Mildemberg questiona se a análise poderia iniciar o quanto antes, pois esta pauta não depende de viabilidade financeira. “Para quando chegar a hora de mexer nos planos de carreira, a proposta já estará mais consolidada. Há um potencial para que isso aconteça”, pontua. A superintendente da SMGP não se compromete em rever este ponto ainda em 2025, porém afirmou que a mudança de nomenclatura vai ao encontro com o que já está sendo estruturado para o cargo. Os analistas se colocaram à disposição para participar da construção desta revisão, que se faz urgente e deve ser encarada com seriedade, pois existem muitos servidores que estão próximos da aposentadoria.
“Sou otimista e acredito que essa mudança é viável de ser feita de imediato. Foram 9 meses de estudo e construção deste relatório, porque temos um propósito”, declara Fernanda Paolini, analista aposentada.
Confira a ata da reunião aqui.