Um sábado de encontros enriquecedores, de diálogos potentes e de escuta ativa para propor mudanças. Assim foi a 1ª Conferência Livre de Mulheres do SISMUC e do SISMMAC, que aconteceu no sábado, 09 de agosto.
Com o objetivo de ser uma etapa que antecede a 5ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, o evento contou com a participação de dezenas de mulheres que estiveram presencialmente e de maneira remota. A ministra de mulheres, Márcia Lopes, também fez uma participação em vídeo, saudando as conferencistas. “Que bom saber que vocês se organizaram e querem debater a realidade das mulheres para ajudar a construir uma agenda comum no município, no estado, em todos o país. Sei que vocês vão debater aí o cuidado em todas as dimensões, parabéns pela iniciativa”, manifestou.
Niuceia de Fátima Oliveira, dirigente do SISMUC responsável pela pasta de mulheres, destacou a recomendação do Ministério de Mulheres para que os sindicatos e os movimentos sociais organizassem suas conferências livres para que possam ampliar sua participação na Conferência Nacional.
Ainda tivemos as apresentações protocolares das representantes de cada sindicato — Juliana Mildemberg, coordenadora geral do SISMUC, e Diana Abreu, presidenta do SISMMAC, que trouxeram a importância de celebrarmos este momento histórico da 1ª Conferência de Mulheres organizada pelos sindicatos. “Acredito na força da construção coletiva para que possamos nos fortalecer enquanto mulheres”, afirmou Mildemberg.
Entre rupturas e resistências: a mulher como sujeito político
Juliana Barbosa, pedagoga, terapeuta holística e funcionária do SISMUC, promoveu uma atividade prática, que gerou emoções entre as mulheres, para que elas pudessem acessar os seus saberes ancestrais, inspirada no livro A Jornada da Heroína, de Maureen Murdock. “É fundamental que haja um reconhecimento entre as mulheres como potenciais companheiras para conquistar nossos objetivos comuns, assim como o reconhecimento da importância das nossas ancestralidades para que a gente possa resgatar o valor das nossas potências”, expressou.
O primeiro painel, mediado por Edicleia Farias, dirigente do SISMUC, contou com a palestrante Luizene Coimbra Cruzzulini, mestra em tecnologia e sociedade com foco em gênero, que apresentou e se debruçou sobre o resultado da pesquisa “Escutar para Transformar”, feita pelos Sindicatos no primeiro semestre deste ano.
A pesquisa contou com a participação de dezenas de mulheres, que compartilharam experiências marcadas por sobrecarga, estresse e desafios diários em conciliar a vida pessoal, o trabalho e os cuidados com a família. Os dados revelam situações importantes, como a insegurança quanto à aposentadoria, especialmente por conta das reformas, que a maioria das servidoras relataram já terem sofrido com episódios de adoecimento relacionados ao trabalho e também apontou que se sente sobrecarregada nas atividades domésticas e de cuidado, ainda que também exerça jornada completa no serviço público. Você pode acessar as respostas da pesquisa clicando aqui.
Ainda no primeiro painel, Carmen Regina Ribeiro, servidora aposentada pelo IPPUC e atualmente representante da Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, no Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – CEDM e Conselho Estadual de Proteção às Vítimas de Abuso Sexual – COPEAS, trouxe conceitos sobre a efetividade do controle social nos conselhos e conferências. “Os conselhos são espaços públicos de disputa, que sinalizam a possibilidade de representação dos interesses coletivos. É importante que haja o entendimento que os conselhos não são homogêneos, nele se encontram as diferenças entre quem é estado e quem é sociedade civil. Porém que mesmo com as diferenças, a democracia seja garantida”, levantou Carmem.
A manhã do evento avançou no debate sobre o adoecimento das trabalhadoras, com a presença de Amanda Navarro e Maria Carolina Lobo da Silva Leal, enfermeiras do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador (CEST). “O trabalho é central na questão do adoecimento de mulheres, uma vez que ele está relacionado com a forma como nos comportamos, com o que consumimos e nos relacionamos diariamente”, afirma Navarro, que falou também de como é importante incutir essa ideia na mente das trabalhadoras, que muitas vezes não relacionam o seu possível adoecimento, seja físico ou mental, com as causas laborais, mesmo doenças que aparentemente não pareçam ter relação com o trabalho, como um câncer de mama, exemplifica a enfermeira. Maria Carolina apresentou os dados reunidos pela CEST, de que as trabalhadoras da área da saúde são as mais propensas a serem acometidas por acidentes relacionados ao trabalho. Enquanto as professoras são as mais acometidas por transtornos mentais.
O debate envolvendo a saúde das trabalhadoras gerou ampla discussão durante a Conferência, evidenciando a necessidade dos sindicatos e das servidoras públicas intensificarem o debate a respeito do tema, considerando inclusive os dados municipais que mostram o grande número de afastamentos de servidores para tratamento de saúde.
Grupos de estudo
No período da tarde, as mulheres se reuniram em grupos de estudos para elaborar propostas em torno dos temas: condições de vida e trabalho das servidoras públicas; violência de gênero e mecanismos de enfrentamento e quais políticas públicas são fundamentais para as mulheres?
Entre as propostas, elegeram como essenciais a redução de carga horária sem redução de trabalho; a retirada do confisco de 14% das aposentadas; a criação de apoio dentro das unidades educacionais com equipes multidisciplinares; o combate às privatizações; a criação de protocolos para erradicação de qualquer tipo de violência contra mulheres; etc.
Wanderli Machado, dirigente do SISMUC, reforçou que o papel das delegadas eleitas consiste em levar as propostas sistematizadas para a Conferência Nacional e devolver à base ações que contemplem na medida das ações do SISMUC as propostas.
Também tivemos a aprovação de moções, foram elas:
- Apoio à ratificação pelo Brasil da Convenção 190 da OIT.2. Apoio ao decreto estadual que trata da proporcionalidade de cadeiras no conselho municipal de mulheres.
2. Apoio à revogação do confisco de 14% das aposentadas e aposentados
3.Apoio à resolução do Conanda, que propõe um protocolo de atendimento e acolhimento às vítimas de estupro e que engravidam.
Todas as participantes podem retirar os materiais (pasta, cartilha, marca página e certificado de participação) diretamente no SISMUC.
Você também pode acessar a cartilha digital, clicando aqui.
Eleição de representantes para Conferência Nacional
Considerando o regimento interno da 5ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, que trata dos critérios para eleição de representantes para a etapa nacional, a Conferência Livre do SISMUC e SISMMAC teria direito a eleger duas titulares e duas suplentes que poderão participar do evento que acontecerá em Brasília, nos dias 29 a 1º de outubro.
Foram eleitas: Niucéia de Fátima (titular), Angela Maria de Catro (titular), Edicleia Farias (suplente), Marcela Bomfim (suplente).
As servidoras e dirigentes do SISMUC, Maria Cristina Lobo Oliveira e Marlene Aparecida Santos Cazura, caso haja disponibilidade de vagas, participarão como observadoras.
Coletivo de Mulheres do SISMUC
Além da participação na etapa nacional, a Conferência Livre possui outro significado grandioso para nós do SISMUC. “Esse é o primeiro passo para construirmos o Coletivo de Mulheres do SISMUC. Por isso, mais do que eleger delegadas para a Conferência Nacional, agradecemos vocês por estarem aqui fortalecerem a nossa base de mulheres do serviço público, pois ao fazer isso, chegaremos mais longe”, comunicou Edicleia.
Em breve divulgaremos a data do primeiro coletivo de mulheres organizado pelo Sindicato.
Agradecemos à todas as mulheres que participaram efetivamente desta 1a Conferência Livre trazendo propostas e debatendo os temas relacionados às nossas realidades de vida e trabalho no Serviço Público.