Em um espaço marcado pelo diálogo, diversidade e compromisso com a luta por igualdade, o 1º Encontro Sindical de Enfermeiros e Enfermeiras LGBTQIA+ reuniu, nos dias 20 e 21 de junho, em São Paulo, profissionais da saúde, entidades sindicais de todo o Brasil, entre eles, o SISMUC -representado por Willian da Silva Wolff, Ronaldo Madeira, Eduardo da Silva Ramalho e Irene Rodrigues-, e representantes da Internacional de Serviços Públicos (ISP) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Promovido pela Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE), o evento debateu os desafios enfrentados por trabalhadores e usuários LGBTI+ no Sistema Único de Saúde (SUS).
Para o servidor público que atua na enfermagem de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Curitiba, e dirigente sindical, Willian da Silva Wolff, participou do encontro e reforçou a urgência de ações concretas por parte do poder público. “Durante o evento, foi construída uma carta, porque nós ainda estamos com muitos limites nesse debate. Precisamos avançar e garantir direitos e à promoção de políticas públicas inclusivas para a comunidade LGBTQIA+ e os profissionais da saúde que atendem esses usuários no SUS”, afirmou.
Com base na experiência na linha de frente da saúde pública em Curitiba, o dirigente do SISMUC relatou que “hoje são acolhidas muitas pessoas trans nas unidades de saúde, inclusive nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). É preciso qualificar ainda mais os fluxos de atendimento existentes, garantindo dignidade aos usuários e capacitação frequentes aos profissionais.”
Durante o encontro, foram discutidas ainda as dificuldades enfrentadas por servidores LGBTI+ em questões como o reconhecimento de licenças para casais homoafetivos e o preconceito institucionalizado nas relações de trabalho. “A gente não quer direitos a mais. Mas a gente quer direitos iguais”, destacou Willian.
O evento também revelou as disparidades regionais no tratamento dado à comunidade LGBTQIA+. Enquanto algumas cidades e estados já avançaram em protocolos de atendimento, nós em Curitiba seguimos na luta para avançar cada vez mais. Desde 2004 o SISMUC está na linha de frente deste debate, em parceria com os movimentos sociais de defesa da população LGBTQIA +, sindicatos e com o próprio poder público. Nosso trabalho nos proporcionou ocupar uma cadeira no Conselho Municipal de Diversidade Sexual, acreditamos na força que o Conselho possui para contribuir com a mudança de fato das realidades dessas pessoas.
Compromissos e próximos passos
O encontro resultou em uma carta política com propostas concretas que será encaminhada a diversos órgãos governamentais, entre eles, Conselho Nacional de Saúde (CNS), conselhos de classe e também em mesas de negociação do SUS. O documento cobra a construção de políticas públicas voltadas à saúde da população LGBTQIA+ e ações de formação e orientação para os profissionais de saúde.
Para Willian, o SISMUC deve continuar atuando nesse campo com firmeza: “Acho que o maior influente do sindicato são os direitos e as garantias dos trabalhadores. E a gente, enquanto trabalhador da comunidade, tem muitos desafios. Já começa numa entrevista de emprego, no olhar do teu chefe, na relação com os colegas. A gente sabe que tem preconceito. E, mesmo no meio da enfermagem, ele existe.”
A participação do SISMUC no evento marca um passo importante na retomada da pauta LGBTQIA+ dentro do movimento sindical, e reforça a necessidade de união e pressão sobre os governos municipal, estadual e federal. Como lembrou o dirigente: “Junho todo mundo fala. Mas e nos outros meses do ano? A gente precisa de compromisso real, e não apenas de campanhas publicitárias que se apagam depois do arco-íris.”