Lutar pela saúde da mulher é lutar por justiça, cuidado e afeto!
Hoje, 28 de maio, é celebrado o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna — uma data para lembrar, reivindicar e sensibilizar governantes e toda a sociedade sobre a importância de cuidar da saúde das mulheres em todas as suas dimensões. A mortalidade materna, os direitos reprodutivos, a saúde sexual, e doenças como câncer de mama, endometriose e obesidade seguem impactando milhares de brasileiras, e muitas dessas vidas poderiam ser salvas com acesso digno e oportuno ao atendimento no sistema público de saúde.
A garantia desse acesso está prevista em legislações como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), que estabelece diretrizes específicas para o cuidado com as mulheres em todas as fases da vida. Em Curitiba, iniciativas como a Rede Mãe Curitibana e outras ações municipais são conquistas históricas dos movimentos de mulheres e do serviço público, que contam com o trabalho incansável de servidoras e servidores comprometidos com a vida.
Nesta semana, um passo importante foi dado com a publicação, no Diário Oficial da União, da Política Nacional de Humanização do Luto Materno e Parental. A nova lei determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) passe a oferecer suporte psicológico e acompanhamento estruturado às famílias que enfrentam a dor da perda de um filho — durante a gestação, no parto ou nos primeiros dias de vida. É um marco histórico! A medida reconhece que o luto precisa ser cuidado com empatia e respeito, especialmente para as mulheres, que além da dor emocional, enfrentam as dores físicas e, muitas vezes, o abandono institucional.
A política também promove uma alteração significativa na Lei nº 6.015/1973, sobre os Registros Públicos, permitindo que os natimortos sejam registrados com o nome escolhido pela família — um gesto simbólico, mas profundamente humano, que reconhece a existência e o vínculo afetivo com aquele bebê que não chegou a viver.
E os números não nos deixam esquecer: segundo a Agência Gov, entre 2020 e 2023, o Brasil registrou 172.257 óbitos fetais. A região Sudeste lidera os registros, com 40.840 casos de natimortos. Em 2024, dados preliminares do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) já apontam 22.919 óbitos fetais e 19.997 óbitos neonatais — de bebês com até 28 dias de vida.
Avançar para cuidar
Apesar dos avanços, a realidade segue difícil para muitas mulheres, sobretudo para aquelas que vivem nas periferias urbanas e em regiões afastadas dos centros, onde predominam as mulheres negras. Nas áreas rurais, o acesso aos serviços de saúde é ainda mais restrito para as mulheres indígenas, quilombolas, ribeirinhas e outras diversidades presentes nesses territórios. Muitas mulheres jovens, mães solo, enfrentam grandes dificuldades para realizar exames preventivos básicos, como o papanicolau e a mamografia, pois esses serviços costumam estar distantes de suas casas. Elas precisam, então, encarar longas filas, esperas prolongadas e deslocamentos exaustivos para garantir cuidados essenciais à saúde.
Garantir que essas mulheres tenham acesso ao cuidado básico em seus próprios bairros é garantir vida. É permitir que elas vivam sua saúde em plenitude, com dignidade, sem esperar por meses para um exame ou consulta.
Essa luta é também a do SISMUC, que defende uma saúde pública de qualidade, com estrutura, valorização das servidoras e políticas que enxerguem a mulher, inclusive todas as servidoras públicas, em sua complexidade.