Desde o dia 14 de outubro, a deputada federal Carol Dartora (PT) vem sofrendo com ameaças de morte e racismo, mensagens de ódio que chegam via e-mail. “Até o momento, já recebi 43 e-mails”, afirma a deputada.
A pessoa responsável por escrever e enviar os e-mails escreve detalhadamente como planeja matar Carol Dartora, parece conhecer sua rotina e onde fica seu gabinete em Brasília, além de chamá-la de macaca. “A sua origem não nega. O preto pode ter a classe social que for e sempre roubara as pessoas boas e de bem”, consta em uma das mensagens.
A Polícia Federal já está investigando quem pode ser o/a autor/a dos e-mails e a Polícia Legislativa está responsável pela segurança de Dartora. Porém, não é a primeira vez que ela sofre com as consequências do racismo. Mesmo antes de assumir a cadeira no plenário da Câmara, Carol já recebia e-mails com ameaças de morte. À época, a Polícia Federal identificou a origem dos e-mails, mas não o autor, que segue impune.
Mulheres precisam exercer seu papel político com segurança
Carol Dartora possui um histórico ativo no combate ao racismo. Foi a primeira vereadora negra eleita em Curitiba, e duas leis de sua autoria foram sancionadas: a Lei 15.931/21 que estabelece cotas para população negra e povos indígenas nos concursos públicos. E, a Lei 15.973/22 que garante prioridade no atendimento de mulheres em situação de violência.
Em 2022, foi a mulher mais votada de Curitiba e a segunda mais votada do Paraná para deputada federal, com 130 mil votos.
Apesar da sua atuação potente, a deputada conta que sofre diariamente com a totura psicológica travada pelo racismo. “Eu preciso cuidar muito da minha saúde mental pra suportar o peso de viver com esse medo constante de conviver com racismo que tenta a todo custo me afastar da política. Eu me sinto com medo de sair de casa, de estar perto de desconhecidos.”
Como deputada, espera a aprovação do seu projeto de lei que cria um protocolo de proteção à violência política de gênero e raça. “Eu preciso propor soluções para todas as mulheres que tentam lutar por um Brasil justo. Mas, como manter o foco quando todo esse ódio é jogado sobre mim só por eu ser uma mulher preta que tenta fazer a diferença?”, questiona revoltada.
É fundamental que haja o fortalecimento de políticas protetivas destinadas a políticos vítimas de violência política, principalmente mulheres negras que sofrem com a interseccionalidade de gênero e raça. A regulametação das plataformas digitais é um desafio que precisa ser encarado pelas autoridades brasileiras, proporcionando um ambiente digital seguro, incluindo a garantia de que as políticas de moderação de conteúdo sejam atualizadas para lidar com situações no contexto brasileiro.
Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados