A saúde bucal é fundamental para o bem-estar e a qualidade de vida da população, constituindo uma parte essencial da atenção primária à saúde. Hoje, dia 25 de outubro, celebra-se o Dia Nacional da Saúde Bucal, um momento oportuno para conscientizar sobre a importância do acesso ao atendimento odontológico gratuito, público e de qualidade, especialmente para as populações mais pobres e vulneráveis.
Em Curitiba, as equipes de saúde bucal desempenham um papel crucial no Sistema Único de Saúde (SUS). Somente no primeiro semestre deste ano, servidores públicos, como Auxiliares de Saúde Bucal (ASB), Técnicos em Saúde Bucal (TSB) e Cirurgiões Dentistas, realizaram 34.307 atendimentos, conforme dados do Sistema de Informação de Saúde para a Atenção Básica (SISAB). Desse total, 12.321 foram primeiras consultas, 16.234, retornos e 5.752, manutenções. A média diária de atendimentos na cidade é de 5.269, evidenciando a alta demanda e a necessidade de investimentos contínuos.
Entretanto, as filas de espera para atendimentos especializados são motivos de preocupação. Dados do dia 24 de outubro deste ano, do Portal da Transparência de Curitiba, indicam que dezenas de pacientes estão aguardando atendimento em diversas especialidades, números que refletem a urgência de ações para ampliar a capacidade de atendimento. Confira os números:
- Cirurgia ortognática e reconstrução: 78 pessoas
- Cirurgia para remoção de dente: 3.205 pessoas
- Endodontia: 5.086 pessoas
- Estomatologia: 47 pessoas
- Odontopediatria: 177 pessoas
- Oncologia: 2 pessoas
- Periodontia: 358 pessoas
Além da elevada demanda, os servidores da odontologia também enfrentam grandes desafios. O quadro de trabalhadores em Curitiba está abaixo do ideal, são apenas 421 ASBs, enquanto o número de vagas legais é de 661, inclusive em diversos locais de saúde, estes profissionais, ficam ainda mais sobrecarregados, já que muitas vezes precisam atender simultaneamente dois pacientes. Além disso, também faltam Técnicos em Saúde Bucal (TSB) e Cirurgiões Dentistas.
Carreira e condições de trabalho
O déficit de servidores e a sobrecarga de trabalho são apenas parte dos desafios enfrentados pelos profissionais da odontologia. A transição de carreira dos ASBs é uma questão central. Desde a aprovação da Lei 14.507, em 2014, que elevou a carga de nível básico para nível médio, os servidores aguardam a efetivação dessa mudança. Contudo, já se passaram nove anos sem que a Prefeitura abra o procedimento ou cumpra os compromissos firmados com a categoria e o SISMUC. A demanda desses trabalhadores é justa e necessária para garantir a valorização de suas carreiras e, consequentemente, a melhoria na prestação de serviços.
Em julho deste ano, o SISMUC protocolou um ofício solicitando uma reunião com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Secretaria Municipal de Gestão de Pessoas (SMAP) para buscar um diálogo transparente e a efetivação da transição de carreira. Contudo, até então não houve respostas do pedido e vamos continuar pressionando até que a transição de carreira ocorra e esses profissionais sejam valorizados.
Investimentos necessários e permanentes
Além da transição de carreira, é fundamental que os investimentos em saúde bucal sejam permanentes e adequados para atender à crescente demanda da população. Isso inclui a qualificação contínua dos profissionais, salário digno compatível com a profissão e a transição de carreira que reconheça verdadeiramente o trabalho dos ASBs, TSBs e cirurgiões dentistas, a contratação de mais trabalhadores via concurso público, e a compra e a manutenção de equipamentos adequados.
“É necessário refletir sobre a importância dos serviços de odontologia pública e de qualidade. É fundamental que sejam feitos os devidos investimentos, garantindo estrutura adequada de atendimento e valorização dos profissionais. A luta por condições de trabalho dignas e pelo cumprimento das leis de carreira são aspectos essenciais para garantir que a saúde bucal seja acessível e eficiente para todos. O SISMUC permanece em luta, defendendo os direitos dos servidores e na busca por melhorias para a saúde da população curitibana”, reafirma a direção do SISMUC.
Foto de capa: by Freepik
