Greca não falou, mas a gente lembra e fala!

Após o recesso de julho do legislativo de Curitiba, os vereadores e vereadoras da Câmara Municipal retornaram aos trabalhos hoje (5/8), com a presença e manifestação do SISMUC e outros sindicatos que representam os servidores públicos da capital. O retorno também contou com a presença do prefeito Rafael Greca, que não mediu palavras para se gloriar do seu trabalho à frente da Prefeitura nos últimos sete anos e sete meses.

Logo no início, Greca mencionou o Plano de Recuperação Financeira adotado no começo de sua segunda gestão, em 2017. Segundo ele, a ação “tornou a cidade referência em governança pública e colocou as contas em dia”. Contudo, é importante lembrar que o conhecido “Pacotaço” ou “Pacote de Maldades” atingiu essencialmente todos os servidores públicos de Curitiba. Na ocasião, houve o congelamento dos Planos de Cargos e Carreiras, descongelados apenas em 2023; a retirada de mais de R$ 600 milhões do Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Curitiba (IPMC), assim como aumento da alíquota de 11 para 14% do IPMC a todos os servidores, a restrição ao direito à licença-prêmio; o aumento da alíquota do ICS — plano de saúde dos servidores; a cobrança da tarifa de lixo para todos os curitibanos, sem isenção; entre outras medidas. É importante salientar que a medida elogiada pelo prefeito ainda tem reflexos negativos na vida do funcionalismo público e da população de Curitiba.

Greca também mencionou o transporte público, dizendo que, quando assumiu, estava tudo sucateado. No entanto, é importante lembrar que Curitiba é uma das capitais com a maior tarifa de transporte do Brasil, além da precariedade dos ônibus, a falta de transparência nos contratos da administração pública com as empresas contratadas e a dificuldade de acesso ao transporte para a população periférica. Ele mencionou a compra dos ônibus elétricos, mas não falou  que a Urbanização de Curitiba (Urbs) e as empresas privadas de transporte receberão R$ 317 milhões dos cofres públicos para adquirir 70 veículos.

Na saúde, Greca não mencionou os problemas das terceirizações das UPAs e as mais de 4 horas de espera da população para ser atendida nas unidades; a falta de vagas para especialidades e de profissionais especializados, como fonoaudiólogos, nutricionistas, Auxiliares de Serviços Bucal (ASB) e dentistas, nem mesmo a transição de carreira dos trabalhadores ASBs do fundamental para o médio, entre outras questões. Já na assistência social, nem se quer falou dos problemas vividos nas Casas de Acolhimento e Passagem em Curitiba e a não regulamentação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

Sobre moradia, mencionou a entrega de 60 casas no bairro Caximba, mas, não mencionou que, nas suas duas últimas gestões, entregou apenas 361 moradias populares — segundo dados do Portal da Transparência do município —, enquanto a capital tem um déficit habitacional de mais de 58 mil famílias esperando por um lar digno, além das mais de 322 favelas existentes na cidade.

Na educação, destacou a abertura de escolas de ensino integral e novos CMEIs, os Faróis do Saber, e a abertura de vagas em creches privadas, mas não falou sobre os problemas de insegurança das crianças; os ônibus sucateados que as transportam até as UEIs; as mais de 10 mil crianças esperando uma vaga em creche; a negação do direito à hora-atividade dos professores de educação infantil; a sobrecarga dos mesmos, que estão adoecendo — somente no primeiro trimestre deste ano, 3.655 profissionais da educação foram afastados por LTS; e nem mesmo a transição dos professores que estão no quadro especial da carreira.

Falou sobre segurança, mencionando a muralha digital e as câmeras corporais dos guardas municipais, mas não mencionou a insegurança no trabalho dos profissionais e o descumprimento de seu próprio plano de governo, que previa a abertura de concurso público para 600 novas vagas de guardas municipais.

Greca também deixou de mencionar o desconto de 14% nos salários e proventos dos aposentados e pensionistas e o procedimento de crescimento horizontal que não prevê o direito de todos os profissionais progredirem.

 

Ele não falou, mas a gente lembra e fala!