Na última sexta-feira, 28, aconteceu o Seminário “Orgulhe-se” no auditório da OAB Paraná. O evento foi organizado pelo Conselho Municipal de Diversidade Sexual de Curitiba (CMDS-LGBT) em alusão ao Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, reunindo representantes dos servidores públicos, da sociedade civil organizada e da gestão municipal para debater políticas públicas voltadas para a população LGBT.
Loide Ostrufka, direção do Sindicato e conselheira do CMDS, reitera que o dia 28 de junho é uma das principais datas para a comunidade e aponta que o SISMUC sempre irá debater com os servidores, com a gestão municipal a importância das políticas públicas oferecidas às pessoas LGBT.
Durante o seminário, o professor da rede estadual e ativista por direitos humanos, Clau Lopes, ressaltou a realidade vivida pelas pessoas LGBT em Curitiba. Ele expôs o caso de uma professora que penalizou sua sobrinha por desenhar a bandeira LGBT em um de seus trabalhos escolares, evidenciando a necessidade de uma formação continuada para educadores sobre diversidade e inclusão.
Clau também lembrou o companheiro Oziel Branques dos Santos, assassinado brutalmente no mês passado dentro de um ônibus biarticulado ao defender um casal de ataques homofóbicos. “Há 20 anos, o Oziel trabalhava na Parada da Diversidade como ambulante. Então, faz 20 anos que ele, todos os anos, olhava pra aqueles corpos e corpas e reconhecia aqueles sujeitos e sujeitas que estavam naquele lugar, simplesmente pedindo o direito de amar, simplesmente pedindo o direito de viver nessa sociedade.”
Ações de Acesso às Políticas Públicas Municipais
Um dos painéis do evento abordou “Ações de acesso das pessoas LGBTQIAPN+ dificuldades enfrentadas pela comunidade LGBTQIAPN+ no acesso a serviços públicos essenciais, como saúde, educação e assistência social.
Heliana Hemetério, do Conselho Nacional de Saúde e presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis (ABGLT), reforça que é fundamental momentos de diálogo como este, mas já passou da hora de partir para a prática. “O reconhecimento dessa população ainda não é feito com seus direitos sendo reconhecidos. Folder de seminário gosta de reforçar que é contra a homofobia, mas são só palavras, ficamos numa invisibilidade política. Tá na hora de sairmos da teoria e irmos para a prática. Eu sou uma senhora lésbica, negra e de matriz africana. Meu pacote não é pequeno.”
Também foi enfatizado a importância de garantir que essas políticas sejam inclusivas e acessíveis a todos, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero. Destacou-se a necessidade de uma abordagem interseccional para atender às demandas específicas de diferentes grupos dentro da comunidade LGBTQIAPN+, como pessoas trans e bissexuais, que enfrentam formas únicas de discriminação e violência.
O Seminário “Orgulhe-se” proporcionou um espaço de diálogo e reflexão sobre as políticas públicas necessárias para garantir a dignidade e o respeito a todos, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. As propostas e discussões levantadas servirão como base para futuras ações e políticas voltadas para a promoção da igualdade e da justiça social na cidade.
Entre as propostas discutidas, destacam-se a necessidade de concursos públicos específicos para aumentar a presença de assistentes sociais, a criação de políticas de apoio à saúde mental da população LGBTQIAPN+ e a implementação de ações afirmativas para garantir o acesso e a permanência dessa população nos serviços públicos.