Cidade educadora para quem? SISMUC se mobiliza durante Expo Educação para denunciar problemas na educação de Curitiba

A Expo Educação, promovida pela gestão Greca/ Pimentel começou hoje e vai até sexta-feira (24), em Curitiba. Durante o evento, o SISMUC está mobilizado para denunciar as diversas problemáticas enfrentadas na educação na cidade e pelos servidores que atuam como professores de educação infantil , inspetores, administrativos nas escolas e CMEIs.

Apesar do discurso oficial da prefeitura de que Curitiba é uma “cidade educadora”, o SISMUC aponta uma realidade bastante diferente. Entre os problemas mais urgentes estão a falta de infraestrutura adequada nas escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). Em muitas unidades, há relatos de paredes rachadas, ausência de ventilação apropriada e espaços insuficientes para acomodar todas as crianças.

Outro ponto crítico é a desvalorização salarial e profissional dos inspetores, agentes administrativos operacionais e cozinheiras. Esses profissionais, que tiveram suas carreiras extintas pela gestão, enfrentam baixos salários e condições de trabalho precárias. “A prefeitura não reconhece a importância desses trabalhadores para o sistema educacional. Eles sofrem com a desvalorização e estão sobrecarregandos”, destaca Patrícia Lima, diretora do SISMUC.

Além disso, o descumprimento do direito à hora-atividade é uma constante. Os professores de educação infantil reclamam da falta de tempo adequado para planejamento e desenvolvimento das atividades, o que impacta diretamente na qualidade da educação oferecida às crianças. “Estamos exaustos, sem tempo para preparar propostas pedagógicas e as atividades de qualidade. A educação infantil de Curitiba está sendo negligenciada”, desabafa Maria, professora de um CMEI.

A inclusão também é uma área que enfrenta dificuldades, mas ela não deve ser tratada como um problema pela gestão. Há mais de 20 anos se discute os desafios da educação inclusiva em Curitiba , porém até o momento, a Prefeitura  cambaleia na efetivação de uma  política que seja de fato inclusiva na Rede Municipal de Educação. Muitas crianças com deficiência ainda encontram barreiras significativas para acessar uma educação de qualidade. Falta de profissionais qualificados e ausência de infraestrutura específica são alguns dos desafios mencionados pelos trabalhadores das escolas e CMEIs.

O SISMUC e os profissionais questionam: cidade educadora para quem? Para a mídia ou para a população e os profissionais que atuam na educação?

Segundo o Sindicato, o discurso da Prefeitura não reflete a realidade vivida nas escolas e CMEIs. “A Expo Educação é uma vitrine bonita para inglês ver, mas por trás dela há uma realidade de desvalorização e abandono. Precisamos de ações concretas e investimentos reais para transformar Curitiba em uma cidade verdadeiramente educadora”, conclui Loide Ostrufka.

Para Soraya Zgoda, coordenadora da pasta de comunicação do Sindicato, a mobilização do SISMUC durante a Expo Educação busca dar visibilidade a essas questões e pressionar a prefeitura para que tome medidas efetivas. “A esperança é que a voz dos profissionais da educação seja ouvida e que a realidade enfrentada por eles e pelas crianças de Curitiba seja transformada para melhor”.

 

Negligência até na Expo

A Prefeitura e a Secretaria de Educação demonstram sua negligência para com os profissionais até mesmo na própria Expo Educação. Nos cursos oferecidos aos profissionais, não há nenhum voltado especificamente para os trabalhadores de escola, a maioria é direcionada para a docência.

“Se até na Expo não se pensa nesses profissionais, imagina no dia a dia então. Isso demonstra a falta de reconhecimento para com os trabalhadores de escola. Eles são igualmente importantes para garantir um ambiente educacional eficiente e acolhedor para todas as crianças”, destaca Rosimeire Barbieri, inspetora.