Servidores realizam ato político na Câmara de Curitiba e cobram valorização

Mobilização aconteceu hoje (5) na abertura oficial dos trabalhos do legislativo

 

No discurso proferido na manhã de hoje (5/2), na Câmara Municipal, o prefeito Rafael Greca, enquanto destacava diversos aspectos da cidade, inclusive os ipês e jacarandás, negligenciou os verdadeiros protagonistas de Curitiba: os servidores públicos. Em mais de 40 minutos de fala, esses trabalhadores, que constroem e zelam pela capital, foram notavelmente esquecidos. Contrastando com essa omissão, o SISMUC e sua base não apenas marcaram presença na Casa, mas também protagonizaram um ato político, reivindicando o merecido reconhecimento.

Enquanto o discurso pintava Curitiba como a “cidade modelo”, durante o ato os servidores públicos mostraram os verdadeiros problemas enfrentados nos bastidores das unidades de atendimento, como, por exemplo, a desvalorização salarial e profissional, e as condições estruturais inadequadas dos locais de atendimento, que afetam não só os trabalhadores, mas, também, a qualidade dos serviços prestados à comunidade.

“As más condições estruturais, aliadas à desvalorização salarial e profissional, são uma realidade constante para os servidores, contradizendo a visão otimista da administração municipal. É fundamental reconhecer que, por trás da fachada de uma cidade modelo, existem problemas reais que afetam diretamente aqueles que a constroem e a mantém funcionando diariamente a cidade. O ato político liderado pelo SISMUC não apenas busca justiça para os servidores, mas também destaca a urgência de enfrentar os desafios reais que impactam a qualidade dos serviços públicos em Curitiba”, destacou Juliana Mildemberg, coordenadora do SISMUC.

Juliana destacou também a importância de realizar o ato na abertura dos trabalhos legislativos e a necessidade de denunciar a política de desvalorização implementada pela Prefeitura em relação aos servidores. Ela afirmou ser preciso cobrar a aprovação de leis de valorização, não só para os ativos, mas também para os aposentados, de todas as categorias, como a saúde, assistência social, educação, cultura, fiscalização, segurança pública e todas as demais categorias.

“Para os aposentados é crucial o aumento do teto de isenção do desconto dos 14%. Para os servidores da ativa, as reivindicações incluem o pagamento integral do piso salarial nacional da educação para todos os professores de educação infantil, aumento salarial e valorização das carreiras extintas, como administrativos, operacionais, cozinheiras e polivalentes”.

Confira abaixo alguns depoimentos de servidoras que estiveram presentes no ato:

Mayara Geisieli, professora de educação infantil no CMEI Uberlândia, no Novo Mundo. 

Estou aqui no ato por conta da desvalorização do servidor e das condições precárias de trabalho que a gente tem vivenciado nas unidades. Considero muito importante estar aqui em mobilização porque com a gente unido já é difícil, então imagine se o servidor não se unir. Então, considero que apesar de todas as dificuldades que a gente tem enfrentado, acho essencial o servidor se unir em prol dos seus direitos porque a gente só consegue as coisas com muita luta. É assim desde muito tempo atrás e continuará sendo assim.

Cauane Cristina de Souza, professora de educação infantil no CMEI Uberlândia

Acho muito importante a gente estar no ato porque temos que lutar pelos nossos direitos. Nada foi fácil e mesmo a gente lutando já tivemos muitas perdas, como a licença-prêmio. Então, temos que continuar lutando. E, agora, está em pauta o vale-refeição. 

Ivone Maria Ribeiro dos Santos, servidora aposentada da saúde 

Trabalhei 36 anos e 4 meses para garantir que eu tivesse uma aposentadoria digna, melhor e, para nossa surpresa, estamos sendo descontados novamente da nossa previdência, estou pagando novamente 14% do meu salário. Eu acho isso um absurdo, porque trabalhamos, construímos a saúde do município, quem está na ativa continua construindo o município. Fomos considerados há muito tempo um dos municípios que melhor conseguiu implantar o sistema de saúde e hoje a gente vê o desmonte e a desvalorização dos trabalhadores, de todos os trabalhadores, principalmente de nós aposentados.

Estou aqui por mim e por quem continua trabalhando, porque isso refletirá no salário e na aposentadoria deles, como está na nossa. Isso interfere na qualidade de vida, na alimentação, na moradia, na saúde e nós precisamos acabar com isso. Não tem como um trabalhador público que constrói a cidade tenha esse desrespeito por parte da administração pública.

Luzia, administrativo operacional, regional do Bairro Novo

Sou auxiliar administrativo operacional, da regional do Bairro Novo, Escola Miracy. Tenho 32 anos de função, trabalhando no serviço público, fazendo o meu melhor para os nossos alunos.

Hoje estamos aqui em frente à Câmara Municipal fazendo uma reivindicação pelas perdas que a gente teve de salário. A nossa função cantineira, que eu era quando entrei na rede, e cozinheira estão extintas da prefeitura. E, hoje, estamos no pátio trabalhando como inspetoras, fazendo o trabalho igual os inspetores concursados na função. Recentemente, ficamos de fora do aumento que os inspetores tiveram. Isso não é justo! O que o prefeito está fazendo conosco, a Secretaria da Educação, não é justo. Então, nós estamos aqui para lutar, para ver se conquistamos algo melhor para nós!

Regina, auxiliar administrativa operacional aposentada. Atuou no serviço público por mais de 29 anos.

Entrei como cozinheira em 1987, depois terceirizou o serviço nos CMEIs e eu fiquei na escola trabalhando de inspetora. Faz mais de seis anos que estou aposentada. E, quando assinamos a aposentadoria, a orientação que tivemos, era de que todos os aumentos de quem estava trabalhando nós também teríamos, já que estava se aposentando 100%. Mas, isso não era verdade, não é o que tem acontecido, até porque vem esse, de um tempo para cá, de 14% da nossa aposentadoria. É um absurdo, isso aí é um assalto! Porque eles só tem tirado de nós. Então, a minha reivindicação e minha indignação é isso. Os descontos que não teria e está tendo, e o aumento salarial que nunca chegou pra nós que estamos aposentados.

Sabemos que o Sindicato tem lutado para isso, para melhorar, para que realmente se cumpra tudo o que foi prometido. Então, estou aqui hoje mesmo estando aposentada!

 

Abertura do diálogo

Ao final do ato, o SISMUC conquistou reuniões para debater pautas de interesse da categoria com o secretário de Governo, Luiz Fernando de Souza Jamur, e o secretário da Secretaria Municipal de Administração, Gestão de Pessoal (SMAP), Alexandre Jarschel De Oliveira. 

 

Mais informações em breve.