Do dia 23 a 26 de novembro, a equipe de comunicação do SISMUC esteve no Rio de Janeiro (RJ) para mais um curso do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), que contou com mais de 150 participantes no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Foram sindicatos, associações, entidades e profissionais da comunicação de todas as regiões do Brasil reunidos para este momento de intensa formação.
O tema do curso deste ano foi Comunicação e contra-hegemonia: Democracia, novas tecnologias e disputa de poder. “Sem luta política não há conquistas de direitos. Sem comunicação não há luta política. Logo, não há conquista de direitos sem comunicação” — foi o conceito que direcionou os 4 dias das mesas de debate.
Professoras, historiadores, jornalistas e dirigentes sindicais de diferentes categorias compuseram a programação do curso. A reflexão girou em torno de como a comunicação sindical pode criar seus próprios mecanismos para ir de encontro à hegemonia das grandes mídias. “Vivemos o desafio de pensar, dentro de uma nova sociedade marcada pela digitalização e pela midiatização, em formas criativas e eficientes de dialogar com a classe trabalhadora”, afirmou Bruno Marinoni, jornalista e militante da DiraCom, durante a mesa “A internet e a democratização (ou não) da comunicação”.
Comunicação sindical
Ao final da mesa “Comunicação Sindical: o que pensam os sindicalistas”, Soraya Cristina Zgoda, coordenadora da pasta de Comunicação do SISMUC, subiu ao palco para somar no debate e iniciou a sua fala pedindo para que todas as jornalistas presentes no auditório ficassem de pé, questionando se estas profissionais são valorizadas em seus locais de trabalho e reforçou a necessidade de contratação de mais mulheres nas equipes de comunicação dos sindicatos. Soraya também abordou a urgência de maiores investimentos em ferramentas comunicacionais dentro das entidades.
O professor e pesquisador, Douglas Heliodoro é um dos criadores do Coletivo Conexões Periféricas e trouxe seu conhecimento sobre processos culturais e comunicacionais de contestação, pressão e resistência. “Enquanto comunicadores sindicais, é fundamental que a gente busque formas de articular a comunicação com os movimentos sociais de base comunitária. Pensar além do sindicato”, declarou.
Atividade externa – Circuito histórico herança africana
Além das palestras, o curso do NPC proporcionou também um passeio pela Pequena África, na região Central e Portuária do Rio de Janeiro. Apesar da chuva e das calçadas íngremes, durante todo o caminho, o grupo foi guiado com excelência pelo comunicador popular e guia de turismo Alexandre Lourenço.
Conhecemos um Brasil que foi apagado da história, das salas de aula, do imaginário coletivo. O roteiro iniciou aos pés de um Baobá, árvore que é símbolo da cultura Yourubá, uma conexão entre o mundo sobrenatural e o mundo material. Paramos no Cemitério dos Pretos Novos, local onde foram encontrados 5.563 fragmentos ósseos humanos. Os estudos comprovam que se trata de ossos dos escravos sepultados e morriam após a chegada no Rio de Janeiro. Finalizamos a caminhada na Pedra do Sal, região onde se encontra a comunidade remanescente de Quilombos.
Foi um passeio decolonial e afrocentrado, que trouxe uma nova perspectiva a fatos marcantes em nossa sociedade, a partir das vivências dos povos originários e dos negros e negras sequestrados em África e trazidos para serem escravizados.