Curitiba entrega gestão com modelo de saúde assistencialista e quem paga a conta é a população

Atualmente, a saúde pública de Curitiba sofre com falta de profissionais — sejam enfermeiros, técnicos, médicos generalistas e especialistas; a falta de clínicas para tratamentos de média e alta complexidade ou a falta de verba para a saúde. Mas, há também uma característica que resume a atual gestão municipal de Curitiba: o assistencialismo no lugar da assistência. Ou seja, a gestão de saúde em Curitiba confronta os princípios e o modelo assistencial do SUS. 

 

Qual a diferença entre assistencialismo e assistência?

As diferenças se dão na forma e no impacto que cada um terá na vida da população. A assistência possui natureza preventiva e protetiva, o assistencialismo é imediatista. Ou seja, enquanto a gestão da saúde pública que segue um modelo de assistência busca acompanhar a vida do paciente para garantir dignidade e qualidade de vida, a que segue um modelo assistencialista visa prover uma necessidade momentânea, sem criar um vínculo com o paciente.

 

“Assistência é compreender, fomentar, articular, se colocar no lugar do outro e conseguir prestar um serviço de alta qualidade, com os recursos que você tem. Essa é a proposta do SUS. Porém, nos últimos 10 anos, vemos um modelo de assistencialismo, que é fazer de qualquer jeito, apenas para gerar números, pra parecer que tudo tá dando certo. As filas ainda são gigantes, principalmente das consultas especializadas.” explica Luiz (nome fictício), enfermeiro e servidor público sindicalizado ao SISMUC. 

 

Para Luiz, deixou-se de seguir a premissa do SUS de prevenção de doenças a partir de um olhar de como a sociedade moderna se organiza. O tratamento e a prevenção das doenças deixaram de ter relação com a redução da pobreza, por exemplo, e passaram a demandar outros mecanismos, agora entupindo os pacientes de remédios alopáticos, funcionando apenas quando os sintomas já atingiram o paciente. Quando, na verdade, a gestão deveria criar ações que possibilitem a redução de risco e vulnerabilidade da população. 

 

A necessidade de uma educação em saúde para a população

“As pessoas esquecem da importância de prevenir doenças, ter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas regularmente. As pessoas querem a consulta com o médico e o posto de saúde fornecendo o medicamento. Chega um paciente com diabete querendo que a gente aumente a dose de insulina para que ele possa comer mais doce, sendo que deveria ser o contrário.” Luiz afirma que a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba incentiva essa prática. “Quando o enfermeiro não aumenta a dose do remédio, a Prefeitura estimula que o usuário ligue para o 156. Aí sou chamado pela minha chefia que diz que devo aumentar a insulina”.

Com esse modelo, a gestão municipal acaba colocando o usuário contra o servidor, afinal, é a enfermagem que está na linha de frente do atendimento, será o rosto desses trabalhadores a ser visto e lembrado pelo paciente. Não adianta fazer concurso público falando da importância da Lei 8142/90, que diz da responsabilidade do usuário no gerenciamento do SUS, se a Prefeitura não educa a população sobre o funcionamento do Sistema Único de Saúde.

 

“A educação em saúde é algo que a SMS falha. As pessoas não sabem quando procurar uma Unidade Básica. Há 20 anos, o governo federal havia delineado muito bem o que era um atendimento de urgência e emergência, o que é a Atenção Primária à Saúde, o que é uma UBS. Antigamente, você não podia ir em uma US para atendimento de emergência. Hoje, a SMS orienta que a população procure a US para qualquer atendimento.” Para Luiz, o que falta em Curitiba é informação e formação de qualidade para os usuários.

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