Estivemos no Cajuru para chamar a atenção da população, além da nossa força de luta, levamos balões e brinquedos para as crianças do bairro passarem a tarde e coletamos a assinatura dos moradores para um abaixo-assinado que será entregue à Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC).
Juliana Mildemberg, coordenadora do SISMUC, reforça que a culpa da atual situação da educação infantil não é dos professores, mas da PMC que não garante as condições de trabalho para os servidores. E essa realidade de dentro dos CMEIs, a Prefeitura não mostra nas propagandas.
Com a falta de professores, muitos são transferidos de locais de trabalho, para suprir esta carência.Ou então, a Prefeitura os substitui por profissionais contratados via PSS, que possuem contratos de trabalho temporários. “Já é a terceira vez só este ano que meu filho chega em casa falando que mudou a professora. Ele não tem nem tempo de se acostumar com uma e logo vem outra. Além de que a escola troca e nem nos avisa, como ficam os pais sem saber com quem nossos filhos ficarão em sala?”, conta uma mãe presente em nosso ato.
“As professoras estão ficando depressivas, né? Porque ficam sobrecarregadas no trabalho, muitas ficam sozinhas com as crianças com necessidades especiais. Eu, por exemplo, tive um problema com uma criança, pois estava sozinha em sala e precisei segurá-la quando ela tentava sair, nesse momento, ela me derrubou e eu fiquei com problema de saúde. Deu impacto na minha coluna e fiquei com luxação nos meus dois tornozelos. É claro que a criança não tem culpa. Deveria ter um profissional preparado para estar com ela [em sala]”, desabafa Mari, professora de CMEI.
Faltam tutores para atender as crianças com deficiência
Atualmente, são mais de 1,2 mil crianças com deficiência nos CMEIs de Curitiba. O Departamento de Inclusão e Atendimento Educacional Especializado (DIAEE) divulgou a contratação de apenas 880 tutores, número insuficiente para garantir o atendimento de qualidade a estas crianças — uma vez que se faz fundamental profissionais capacitados e não somente estagiários.
“Essa parte da inclusão chega a ser perigosa. Não podemos deixar de pensar no professor que está em sala, no risco que as crianças estão correndo. Eu tenho uma criança com autismo que é a agressiva, que já agrediu a mim e a outra servidora. Falta um apoio da gestão para que essas situações não voltem a acontecer, porque há uma burocracia muito grande. A gente quer o melhor para esta criança e fazemos o nosso melhor. Tanto dentro da secretaria dos CMEIs quanto em sala, todos os trabalhadores fazem o que podem e o que não podem. Cabe à Prefeitura ter um outro olhar e ver que esses servidores fazem o máximo que podem, mas não têm um retorno”, conta Walli Wanessa de Paula, professora do CMEI na regional Cajuru.
O Cajuru foi a nossa segunda parada e ainda neste mês de junho estaremos na regional do CIC para conversar com toda a comunidade. Fique atento às nossas redes sociais, em breve divulgaremos o endereço e horário da próxima mobilização.