Ato em defesa da educação infantil agita praça no Tatuquara

A luta pela qualidade do serviço público não tem dia, nem hora e lugar! E, mais uma vez os professores de educação infantil, organizados pelo Sindicato dos Servidores Público Municipais de Curitiba (SISMUC), exemplificaram muito bem isso. Visto que, na tarde deste sábado (28), em plena Praça Soldado Wagner Alves Sampaio, no bairro Tatuquara, demostraram sua força e capacidade de mobilização ao realizar um ato político-cultural em prol dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs).

O objetivo foi claro: conversar olho no olho com a comunidade sobre a falta de professores de educação infantil para atender as dezenas de crianças que frequentam os CMEIS de Curitiba, com foco nas 22 unidades da regional do Tatuquara. Além de mostrar o quanto esta situação desencadeia outros problemas, como a não garantia da hora-atividade – tempo destinado aos professores para o planejamento e organização das atividades pedagógicas-; a falta de tutores para facilitar a inclusão de crianças com deficiências, as PCDs; e a não valorização profissional.
“Na propaganda política, na propaganda da TV e rádio, tá tudo muito bonito, tá tudo muito bom. Mas, essa não é a realidade! Só no início deste ano letivo faltavam cerca de 1500 professores de educação nos CMEIS de Curitiba, com isso, temos servidores indo trabalhar doentes ou ficando doentes. Isso compromete o atendimento das crianças, ele não está sendo realizado da melhor forma possível e do jeito que sabemos fazer”, explica Juliana Mildemberg, direção do SISMUC.
Para a professora que atua em uma unidade de CMEI no bairro Tatuquara, que prefere não ser identificada, é fundamental que a Prefeitura mude a forma de olhar para a educação infantil de Curitiba, principalmente para os profissionais, já que são eles que cuidam e zelam pelas crianças e pela primeira infância.
“Estamos realizando este ato aqui no Tatuquara, pedindo que a Prefeitura tenha um olhar especial para a educação pública, principalmente para a educação infantil, a primeira infância. Temos muitos exemplos de problema graves acontecendo nos CMEIS. Nosso pedido é pelo concurso público e pela garantia da hora-atividade, só assim nossas crianças serão bem atendidas e nós teremos saúde mental e física para prestar um bom serviço para a comunidade. Precisamos do apoio da sociedade e precisamos ser respeitados pela Prefeitura”, afirma a professora.
Moradora do bairro Tatuquara há mais de 20 anos, a mãe de uma menina de 8 anos que frequentou o CMEI, relata que a filha sempre foi muito bem acolhida na unidade. No entanto, hoje acompanha a situação de uma sobrinha que vem sofrendo com a quebra de vínculo com a professora de confiança, já que vem ocorrendo o remanejamento de professores de educação infantil e a contratação temporária de profissionais, que dura no máximo 2 anos.
“Estamos passando com uma situação ruim com minha sobrinha. É o primeiro ano dela no CMEI, ela sofre muito pela mudança de professores, porque tem a afetividade e ela se apegou com algumas profissionais, mas vem ocorrendo constantemente a troca de professoras. Ela chora muito, tem sido muito difícil”, comenta a mãe.
Durante a atividade, que contou com a presença de muitas crianças brincando e correndo pela praça, os moradores do bairro apoiaram a luta dos servidores assinando um abaixo-assinado solicitando que as carências e necessidades enfrentadas em todo serviço público, principalmente a falta de professores nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), sejam imediatamente resolvidas pela Prefeitura Municipal, através de concurso público para a área. Além disso, exigiram que seja garantido o direito à hora-atividade e a valorização profissional e salarial dos servidores.
Comunidade aponta problemas em outros serviços públicos – Durante o ato, a má gestão e falta de vontade política da Prefeitura para investir em outros serviços públicos foi evidenciado pelos moradores da regional Tatuquara. Segundo eles, faltam investimentos básicos em infraestruturas, desde a educação, saúde, transporte, esporte, lazer e meio ambiente.

De acordo com a comunidade, quando se precisa dos serviços das Unidades de Saúde (UBS), dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e/ou das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), é “quase um martírio”.

“Aqui no bairro até tem estrutura de saúde, mas depois da terceirização na saúde passou a faltar ainda mais profissionais para atender. Então, quando precisamos demora para seremos atendidos, tem filas enormes. Minhas filhas mesmo têm crise asmática, dai levamos no médico, demora pra ser atendidas e quando atendem não tem medicamento, é uma tristeza, um desespero”, relata uma moradora.

Em relação ao transporte público, os moradores relatam que o terminal do Tatuquara, inaugurado em maio de 2021, mais parece um terminal fantasma, visto que, se trata de um local de passagem de ônibus, ou seja, o espaço não conta com linhas metropolitanas circulando e nem linhas troncais ou diretas ao centro de Curitiba.

“A Prefeitura não tem olhada com carinho para as políticas públicas que atendem os curitibanos, nem mesmo os tatuquarenses. Precisamos que elas sejam administradas e implementadas com qualidade pelos órgãos públicos municipais. Não basta propagandear, tem que realmente fazer”, afirmam os moradores.

Atos em outras regionais – A realização do ato político-cultural nesta tarde faz parte de uma série de outros programados para acontecerem nas outras regionais de Curitiba. E, o próximo já tem lugar definido, será na regional do Cajuru. Mais detalhes serão divulgados em nosso site e redes sociais. Fique ligado e participe!

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