No aniversário de Curitiba, servidores lutam pela revogação do desconto de 14% na aposentadoria

Organizados pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (SISMUC) e Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (SISMMAC), os servidores municipais aposentados, pensionistas e servidores ativos fizeram, nesta tarde, nova mobilização pela não implementação do desconto de 14% nos proventos (salário e benefícios) — que está programada para iniciar na folha de pagamento do mês de abril.

Hoje, dia 29 de março, Curitiba completa 329 anos de história. História essa, marcada por muitas injustiças com os servidores municipais, que construíram e permanecem construindo a cidade dia a dia. A data, que deveria ser lembrada apenas pela comemoração do aniversário, é presenteada com mais um caso de desrespeito com as trabalhadoras e trabalhadores.

Conversamos com alguns servidores que participaram do ato, para entender como o desconto de 14% no salário os afetam na prática.









Lucinea Dobrychlop – aposentada da educação

“Esses 14% fazem a diferença em tudo nesse momento de inflação alta e aumento dos alimentos e itens básicos, do combustível e, principalmente para quem faz uso de medicação contínua ou até não contínua. Tudo isso vem sofrendo um aumento, então, não é hora de diminuir salário, ainda mais quando temos uma Lei Federal que permite, mas obriga que esse desconto aconteça. A expectativa, a partir da mobilização, é a nossa frase de comando: Revoga já! A gente precisa dialogar com a prefeitura para retirar esse desconto dos aposentados.”


Francisco Batista – aposentado do SETRAN

“Vai ser um rombo no nosso salário. A gente já se enfia em empréstimo, não consegue pagar. Além disso, ainda tem o desconto do consignado e mais esse desconto de 14%. Falei com um amigo aposentado, e o desconto dele vem em R$600,00. Quem trabalhou 38 anos, como eu trabalhei, todos esses anos me dedicando ao serviço…e fazia porque eu gostava, não era por obrigação. Aí, de repente vem um rombo desse depois que você se aposenta. Como é que você fica? Completamente desmotivado. Mas a gente luta, pra ver se alguma coisa muda.”















Marina Leardini – aposentada da educação
“Eu já fui lesada uma vez, perdi uma casa para estelionatários, e agora preciso morar de aluguel. Se for tirado 14% do meu salário, eu não tenho como pagar o aluguel. Por isso, eu gostaria que o prefeito colocasse a mão na consciência e revisse esse desconto. Eu, por exemplo, tenho problemas de saúde e tomo muitos remédios. E assim como eu, outros aposentados gastam com aluguel e com medicamentos. Esse desconto vai afetar, porque ou a pessoa paga o aluguel ou compra os remédios, os dois não vai dar.”













Solange da Silva – aposentada da educação
“É um desconto considerável, principalmente nesse momento de inflação, em que as coisas estão aumentando exageradamente. Então vai fazer falta pro aposentado e pra aposentada. A preocupação também é que muitos nem sabem desse desconto. Por isso, o papel dos sindicatos é muito importante nesse momento, para informar os servidores, e que a informação atinja cada vez mais pessoas.”












Iracema Ruy – aposentada da educação
“Meu filho está terminando o ensino médio, vai ingressar numa faculdade e o desconto vai afetar nessa questão. Além de todas as outras despesas da casa, que sem dúvidas vão ser afetadas. Eu acho justo que a gente contribua acima do teto do INSS, mas dois salários mínimos eu acho um absurdo. A gente trabalha sempre e almeja chegar na aposentadoria de forma tranquila e, de repente, tiram essa tranquilidade da gente. Então, se estão tirando a nossa tranquilidade, a gente vai tirar a deles também, por isso estamos nesse protesto.”

O SISMUC continua exigindo uma reunião com o prefeito Rafael Greca para debater o valor atual do desconto e as demais medidas da Reforma da Previdência.