Em março deste ano, Curitiba vivenciou cenas tristes com
colapso no sistema de saúde. Pacientes aguardando por leitos de UTI, outros
internados por dias nas UPAs, alguns entubados. Unidades básicas de saúde
atendendo casos de urgência e emergência, mesmo sem estrutura adequada. E os
trabalhadores da saúde vivenciando uma realidade de ainda mais sobrecarga de
trabalho e uma pressão absurda para tentar salvar a vida dos pacientes mesmo
com a falta de condições. Para os trabalhadores dos demais setores, uma
realidade de medo constante.
O cenário trágico teve uma leve melhora nas últimas semanas.
Só que as cenas tão trágicas como essas que marcam a memória recente de
Curitiba estão prestes a se repetir. E mesmo assim, a gestão municipal
demora a tomar atitudes!
Depois de permanecer por 23 dias na bandeira vermelha,
Curitiba voltou, no dia 5 de abril, para a bandeira laranja. Com a
flexibilização das medidas restritivas, o poder público parece ter esquecido
que o perigo continua à espreita, rondando diariamente as trabalhadoras e
trabalhadores que precisam se expor a riscos para garantir o sustento no
momento de crise. A falta de medidas de proteção teve resultado rápido e os
casos logo voltaram a subir.
Desde o dia 28 de abril, a cidade registra uma taxa de
reprodução do vírus maior que 1, o que significa que a aceleração na taxa de
contágio da doença. Como consequência do aumento dos casos, no dia 11 de maio, a
cidade já registrava mais pessoas com diagnóstico de Covid-19 precisando de
leitos do que havia disponíveis.
Na contramão do avanço da pandemia, a Prefeitura chegou a
flexibilizar as atividades no dia das mães, contribuindo ainda mais para a
circulação do vírus. Na última semana, Greca chegou a restringir horários de
funcionamento de algumas atividades, mas sem garantir medidas efetivas que
ajudem a controlar o avanço do vírus.
Com o plano nacional de imunização caminhando a passoslentos, as medidas restritivas são indispensáveis. Desde março, especialistas já alertavam para a necessidade de lockdown nacional para conter o avanço do vírus, que tem acometido com cada vez mais força adultos jovens. Mesmo diante dos alertas, os governos irresponsáveis, seguindo o exemplo genocida de Jair Bolsonaro, não tomaram as ações necessárias e vemos milhares de vidas perdidas a cada dia no Brasil. Além da postura negacionista diante da necessidade de distanciamento social, os governos de todas as esferas não garantem auxílio financeiro adequado para ajudar na sobrevivência da classe trabalhadora nesse momento de crise.
Hoje são mais de 8500 casos ativos confirmados em
Curitiba (com potencial para transmissão de vírus) e a cidade já ultrapassou a
marca de 5 mil vidas perdidas. Com o aumento diário de pessoas infectadas,
a pressão sobre o sistema de saúde é certa. Dois hospitais de Curitiba já registram taxa de
100% de ocupação, de acordo com dados divulgados pela Secretaria de Saúde do
Paraná. Na Santa Casa a situação é ainda mais crítica e a ocupação no dia 17/05chegava a
114%.
Vão faltar leitos, equipes e insumos para atender a
população. O que o desprefeito está esperando para agir? Quantas vidas mais
serão perdidas para a irresponsabilidade e incompetência diante da pandemia?
O esgotamento do sistema de saúde que está por vir não é uma
surpresa. A própria gestão municipal já relatava desde o ano passado a
preocupação com o agravamento da pandemia com a chegada do inverno. Agora, na
última semana, a secretária de saúde, Marcia Huçulak, chegou a dar declaração
temendo uma quarta onda da doença, ainda maior que as anteriores.
Mas, se a Prefeitura tem acesso aos dados que permitem
prever o cenário caótico na saúde municipal, por que não toma as medidas de
contenção? Já passou da hora de a Prefeitura adotar a bandeira vermelha e
garantir condições para que os trabalhadores possam permanecer em casa. Na
saúde, é urgente a contratação de mais servidores via concurso público, além de
investimentos para garantir os insumos necessários.
Será que o desgoverno Greca está preparado para assumir a
responsabilidade pelas mortes que poderiam ser evitadas com medidas mais
efetivas de combate à pandemia?