Falta de inspetores expõe fragilidade do protocolo de volta às aulas

Além da falta de vacina e do protocolo insuficiente, a segurança no retorno das aulas presenciais também esbarra no problema da falta de profissionais. A Escola Municipal Graciliano Ramos, na regional do Portão, e a Escola Municipal CEI Maestro Bento Mossurunga, no Boqueirão, tiveram que retomar as atividades presenciais com duas inspetoras a menos nesta semana. As trabalhadoras foram transferidas às pressas para cobrir buraco em outras unidades da regional, deixando essas duas escolas sem a equipe necessária para receber as crianças que aderiram ao sistema híbrido, além de garantir a distribuições dos kits de alimentação.

Como a Prefeitura espera que a retomada das aulas
presenciais ocorra sem gerar surtos que ameacem a vida de estudantes e
trabalhadores se não garante sequer a quantidade necessária de profissionais
para que o protocolo seja cumprido?
Os inspetores cumprem um papel
imprescindível no acolhimento das crianças durante a permanência na unidade de
ensino, especialmente na entrada, saída e nos intervalos, quando o risco de
aglomeração é mais alto. Esse acolhimento e orientação são ainda mais
fundamentais neste período de pandemia de Covid-19. 

Além da falta de inspetores, a maioria
das unidades também lida com a falta de professores, pedagogos e agentes
administrativos. O descaso da gestão Greca com a realização de novos concursos
públicos e as medidas de desvalorização que tiveram impacto na redução do
número de servidores fragilizam as condições para que o retorno das aulas
presenciais, especialmente sem a vacinação dos trabalhadores da educação.
Greca parece ignorar que o
desafio de retomar as aulas presenciais em meio à pandemia de Covid-19 exigiu
contratação de mais profissionais, investimento drástico na adaptação das salas
de aula, além de uma redução anterior nas taxas de contágio, nos países em que
essa retomada ocorreu com relativo sucesso. Aqui, o prefeito insiste na velha
tática do cobertor curto: tira inspetores de uma unidade para cobrir o buraco
de outras, deixando todas parcialmente descobertas e sem condições mínimas para
desempenhar as atividades com a qualidade e segurança que o momento exige.

Na contramão da inovação, Greca
não fez sequer o mínimo que estava ao seu alcance. A gestão do desprefeito teve
tempo para convocar os profissionais aprovados e que pediram final de fila nos
últimos concursos públicos, cuja validade foi suspensa em julho do ano passado.
Preferiu iniciar as convocações só agora, no mês de fevereiro, exigindo que
escolas e CMEIs funcionem no improviso, sem qualquer garantia sequer de que o
problema da falta de pessoal será resolvido com nomeações nesse semestre.