Os boletins da própria Prefeitura mostram: a situação do
coronavírus em Curitiba ainda está fora de controle. E como ficam as Unidades
de Pronto Atendimento (UPAs) que têm atendido além de casos de coronavírus,
outras doenças? A UPA Pinheirinho, por exemplo, não possui equipamentos para
aferir sinais vitais, faltam estetoscópio, medidor de pressão, oxímetro e até
mesmo termômetro, que fica apenas na recepção. Essas são denúncias dos
servidores para o Fala, Servidor.
Além disso, por culpa do projeto de “reordenamento” da
Secretaria Municipal de Saúde que fechou a UPA Fazendinha e Boqueirão para
atendimento geral da população, a UPA Pinheirinho está lotada! São mais
de três horas na fila de espera para atendimento, em meio a uma pandemia
que mata. Isso mostra que a ideia da Prefeitura de abrir leitos sem
responsabilidade afim de fazer propaganda política, desconsiderando as
necessidades dos servidores e dos usuários do SUS, é um fracasso.
Um dos
problemas na unidade é a entrada única para todos os pacientes, tanto para
aqueles que têm suspeita de infecção por coronavírus quanto os que têm outros
quadros, e nem sempre há a triagem para avaliação prévia dos pacientes. Com a
alta taxa de transmissão atual na cidade, a probabilidade de se ter pacientes
infectados tanto sintomáticos como não sintomáticos, é alta em todos as áreas
da UPA, o que torna necessário que sejam adotados os procedimentos de proteção
tanto no setor covid e quanto de atendimento geral. Só que essa não é a
realidade.
A falta
de espaço para distanciamento adequado entre os pacientes, a baixa ventilação
dos ambientes e o fato de os trabalhadores serem orientados a usar osEquipamentos
de Proteção Respiratória (EPR), como N95 e PFF2, apenas na área covid são falhas de procedimentos
encontradas na UPA e que facilitam a propagação do vírus. Vale destacar
que durante a pandemia e com o agravante da taxa de contaminação atual da
cidade é indispensável a utilização dos equipamentos de proteção respiratória
por todos os trabalhadores da linha de frente – e não apenas daqueles que estão
no setor covid. Essa inclusive é uma cobrança que vem sendo feita pelo
sindicato desde o início da pandemia, afinal, no atendimento aos usuários dos
serviços de saúde, não há nenhuma garantia que o paciente mesmo sem sintomas
não seja um potencial transmissor.
Também preocupa que os equipamentos de proteção respiratória
fornecidos não tenham passado pelo ensaio de vedação, ou seja, um teste para
garantir que o modelo fornecido se adapta ao trabalhador garantindo a vedação
necessária. Esse ensaio é obrigatório segundo o manual de proteção respiratório
da Fundacentro e da cartilha de proteção respiratória contra agentes biológicos,
mas está sendo negligenciado pela gestão.
Trabalho extenuante e falta
de equipamentos
Além
das falhas na proteção, a sobrecarga de trabalho, que já existia antes da pandemia,
só aumentou. E você já imaginou como um servidor consegue atender a população
com qualidade se não tem nem equipamentos básicos como um estetoscópio e
um medidor de pressão? Isso levando em conta que estamos no meio de uma
pandemia e a Prefeitura de Curitiba teve quase um ano para se preparar!
Nessa unidade, um único monitor cardíaco é revezado entre quatro pacientes ao
mesmo tempo. Também só há um medidor de sinais vitais, quando deveria haver ao
menos cinco. Até mesmo o álcool em gel para sanitização dos ambientes é
racionado!
Além disso, a UPA Pinheirinho precisa atender além dos casos
de coronavírus da própria regional, casos que vem de outras regionais. O relato
dos servidores é de que a UPA Tatuquara também não tem condições de dar conta
da demanda, e por isso, os usuários dessa regional acabam procurando a UPA
Pinheirinho. E ainda tem o caso da UPA CIC – terceirizada com administração do
INCS – que há tempos têm mandado atendimentos mais graves para outras UPAs da
cidade, e agora durante a pandemia tem sobrecarregado a UPA Pinheirinho ainda
mais.
Mesmo com a situação insalubre a Prefeitura ainda insiste em
não contratar mais profissionais da saúde. Com o aumento dos atendimentos e sem
aumento de servidores, é impossível que os trabalhadores que estão atualmente
na unidade consigam dar conta da demanda.
Embora o caso citado esteja acontecendo na UPA Pinheirinho, ele
não é algo isolado. A UPA Sítio Cercado, até pouco tempo, não tinha
equipamentos para transporte de cilindros e foi graças à denúncia dos
trabalhadores que a administração finalmente adequou o espaço – mesmo que ainda
existam inúmeras melhorias que precisam ser feitas. Veja
mais clicando aqui.
E é por isso, que em tempos de distanciamento social, a
cobrança dos servidores que estão na linha de frente e da comunidade que
necessita dos serviços públicos, têm sido essenciais para que possamos
avançar na cobrança da atual gestão.
Afinal de contas, o cargo assumido novamente em 2021 por
Greca e seus comparsas, mostra que eles pretendem continuar com a mesma
política de destruição dos serviços públicos dos últimos quatro anos. Uma
política que coloca em risco a vida dos servidores e mata a população mais
pobre.