Sabatinas revelam falta de comprometimento de candidatos com trabalhadores

A terceirização dos serviços públicos, a revogação do pacotaço, as medidas dos planos de governo dos candidatos que vão contra os servidores foram temas tratados nos três dias de sabatinas que o SISMUC promoveu com os candidatos e candidatas à prefeitura de Curitiba, entre os dias 3 e 5 de novembro. O objetivo foi abrir espaço para mostrar aos candidatos como o funcionalismo público tem sido tratado na gestão Greca, além de cobrar comprometimento para com os trabalhadores e contra a política neoliberal imposta por Greca, Ratinho e Bolsonaro. Infelizmente, nem todas as candidaturas mostraram ser capazes de avançar na reconstrução do serviço público.

O que vimos na sabatina só reforça nosso compromisso com a independência frente a patrões e governos, e de que só a partir da luta vamos conseguir avançar na conquista de direitos e construir uma sociedade livre de toda opressão. Por isso, independente de quem estiver a frente da Prefeitura em 2021, seguimos firmes na luta contra a destruição do serviço público e por melhores condições de vida e trabalho!
Embora o convite tenha sido estendido a todos, alguns candidatos preferiram não comparecer para dialogar com os servidores, o que nos faz pensar que se durante a candidatura os trabalhadores não são prioridade, você já imaginou como vai ser se vencerem as eleições?
Esse é o caso do atual prefeito, Rafael Greca (DEM), já conhecido pela gestão autoritária e sem diálogo com servidores. Greca ainda resolveu comparecer a um outro debate no mesmo dia e usou seu tempo de fala para mostrar que quer continuar desvalorizando e destruindo o serviço público. Zé Boni, candidato pelo PTC, não respondeu ao convite de diálogo. Já o candidato do camburão, Fernando Francischini, mostrou mais uma vez sua covardia quando se trata dos trabalhadores, o candidato não só negou o convite do sindicato – mostrando que tem medo de dialogar frente a frente – como tentou calar os trabalhadores usando de uma ação judicial. 
E, ainda, tivemos os candidatos que confirmaram presença, porém, fugiram do debate de última hora como o candidato João Guilherme (Novo), Christiane Yared (PL) e Marisa Lobo (Avante). O não comparecimento à sabatina mesmo após a confirmação mostra a falta de comprometimento com os servidores municipais.
Embora o pacote de maldades do Greca tenha sido criticado por todos os candidatos participantes e todos tenham concordado com a revogação do pacotaço, alguns candidatos foram contraditórios, pois defenderam a contratação temporária de trabalhadores e a implantação de parcerias que representam a entrega de dinheiro público nas mãos da iniciativa privada.
Foi o caso do candidato da Rede, Eloy Casagrande, que falou em parcerias, o João Arruda (MDB) que também falou de parcerias e de contratos temporários de trabalhadores e a candidata do Podemos, Carol Arns, que engrossou o discurso a favor dos contratos temporários para cobrir a falta de servidores no quadro geral e se declarou abertamente que é favorável à terceirização dos serviços. São propostas que vão contra a eficiência e a qualidade dos serviços públicos. A experiência que Greca implantou, com a terceirização da UPA CIC, reduziu a oferta de serviços para população e sobrecarregou outros equipamentos administrados pela prefeitura. Ou seja, o modelo de terceirização já se mostrou um fracasso e é repudiado pelos servidores e pelo sindicato.
Outro ponto de destaque foi a ampliação do horário de atendimento dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), defendida pelos candidatos Eloy Casagrande e João Arruda. É uma proposta que vai totalmente contra a política de educação pública pela qual lutamos, e conquistamos o plano de carreira dos professores de educação infantil, que não foi implantado pelo Greca. CMEIs e escolas não são depósitos para as crianças!
Também com discurso contraditório, o candidato Paulo Opuszka (PT) e seu vice Pedro Filipe falaram que são contra a privatização dos serviços públicos e chegou a desafiar o sindicato para que indicasse situações que tivessem ocorrido nos governos do PT. Lembramos que a lei que permite parcerias público-privadas foi aprovada no governo Lula, e também durante os anos do governo PT a terceirização da mão de obra dos trabalhadores na Petrobras quase triplicou, resultando inclusive na ampliação dos acidentes de trabalho. Na educação, a lógica privatista também prevaleceu, com a criação do Fundo de Financiamento do Estudante do Ensino Superior (FIES) que na verdade transferiu a responsabilidade do estado com a educação superior para a iniciativa privada e contribuiu para o endividamento dos jovens.
Quanto ao candidato Goura Nataraj (PDT), o questionamento do sindicato foi sobre a transição dos servidores, caso seja implementada a sua proposta de transformar a Fundação de Ação Social (FAS) em secretaria. O candidato disse que manterá diálogo com a categoria na eventual mudança. Mas, vale lembrar que os servidores precisam muitos mais do que discurso. Quando o PDT esteve à frente da Prefeitura, dialogou com os servidores para construir um plano de carreiras que acabou por não implementar.
O candidato Renato Mocellin (PV) fez um discurso para agradar os servidores, mas não respondeu diretamente questões do funcionalismo, referentes a lei 11.000, que trata dos planos de carreira, ou ao pacotaço, por exemplo. Vale lembrar também que o seu partido teve vereadores que ajudaram a aprovar o pacotaço contra os servidores.
As candidaturas do PSOL, Letícia Lanz, representada pela vice Giana de Marco, e do PSTU, professora Samara Garratini, reforçaram a necessidade dos serviços públicos para sociedade. Embora as candidatas tenham se mostrado no discurso alinhadas à luta dos servidores, não quer dizer que é a centralidade na disputa partidária que vai avançar na garantia dos direitos dos trabalhadores, e por isso nosso foco continua sendo na luta e não na disputa eleitoral.
Já a candidata do PCdoB, Camila Lanes, se mostrou alinhada aos servidores no discurso, mas a prática partidária não representa a luta dos trabalhadores. Temos o exemplo do Maranhão, estado sob comando do PCdoB, e que foi o primeiro a aprovar a Reforma da Previdência estadual com apoio da direita.  

Debater as propostas para o funcionalismo municipal é urgente e necessário, mas nem todos os candidatos percebem essa importância. Os servidores municipais vêm sofrendo muitos ataques com planos de carreira congelados, falta de servidores, condições precárias nos locais de trabalho, falta de segurança para realizar a atividade durante a pandemia do novo coronavírus, desvalorização, casos de assédio moral e sem falar da violência com que foram reprimidas manifestações legítimas dos trabalhadores. Só com a luta organizada vamos avançar para valorização das nossas carreiras.
Carta compromisso
Sem ilusão nas eleições, o SISMUC encaminhou carta compromisso para os candidatos com as reivindicações dos servidores públicos e que marcam o compromisso dos candidatos em atender a pauta dos servidores.
Não assinaram a carta compromisso Christiane Yared (PL), João Guilherme (novo), Marisa Lobo (Avante), Rafael Greca (DEM) e Fernando Francischini (PSL).

Assinaram Camila Lanes (PCdoB), Carol Arns (Podemos), Eloy Casagrande (Rede), Giana de Marco (vice na candidatura do PSOL), Goura (PDT), João Arruda (MDB), Professora Samara Garratini (PSTU) e Renato Mocellin (PV).

Já Paulo Opuszka (PT), que se comprometeu a assinar a carta, ainda não entregou o documento.
Para conferir as sabatinas na íntegra clique nos links abaixo:

Sabatina 3/11

 Sabatina 4/11

Sabatina 5/11

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