Dia dos educadores sociais é marcado pela luta por condições dignas de trabalho

Os educadores sociais da Fundação de Assistência Social (FAS) da Prefeitura de
Curitiba têm pouco a comemorar neste 19 de setembro, dia nacional do educador
social. Com planos de carreira congelados, falta de condições de trabalho e
muitos equipamentos com situação precária para atendimento, a categoria, que
está na linha de frente no atendimento dos mais vulneráveis, tem sido
negligenciada ao longo dos anos.

Profissão de alto risco e alto impacto, que trabalha com o
convencimento das pessoas em situação difíceis, como de violência, de moradia
na rua, e de vulnerabilidade social, são profissionais que precisam tomar
medidas certas, na hora certa, e desconstruir a violência. É um trabalho
constante, mas sem valorização dos gestores públicos.

Durante a pandemia da Covid-19 a desvalorização dos
servidores foi escancarada. A educadora social Luciane Garcia Julionel, 56
anos, que atuava na Unidade de Acolhimento Institucional (UAI) Mais Viver, foi
uma das vítimas da doença. Ela esteve trabalhando normalmente até ser internada
no Hospital Vita, onde veio a falecer. Mesmo com o falecimento, a UAI não teve
desinfecção e os colegas que trabalharam com Luciane e os usuários atendidos
não passaram por testes para saber se foram contaminados ou não, em uma mostra
do descaso da gestão do desprefeito Rafael Greca com os trabalhadores.

A falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) é um
dos itens da pauta de reivindicações dos servidores da FAS antes da pandemia do
novo Coronavírus, e foi fortemente sentida neste momento.
Os servidores
receberam máscaras de tecido ao invés de EPI, que seriam as máscaras NR 95 ou
PFF2, equipamento indicado para segurança dos trabalhadores. Além de não serem
EPIs, as máscaras de tecido foram entregues em quantidade insuficiente para a jornada
de trabalho. Ainda, em muitos locais, não foi possível estabelecer as medidas
de proteção coletiva, como distanciamento de 1,5m entre as pessoas.

A pauta de reivindicações negligenciada pela gestão Greca ainda
pede a manutenção anual das unidades, segurança nos equipamentos, capacitação
continuada e implantação do plano de carreira do Sistema Único da Assistência
Social (SUAS). São reivindicações que vêm se repetindo ao longo dos anos, sem
serem atendidas pela administração municipal, contribuindo para precarização
das condições de trabalho.

Luta nacional

Os educadores sociais também estão na luta pela
regulamentação da carreira que sofre com as ações de desmonte das políticas
nacionais de assistência social. Para exemplificar o desmonte e redução de
recursos para a área, que atinge diretamente o trabalho dos educadores sociais,
o governo Bolsonaro iniciou o mandato cortando cerca de 50% das verbas do SUAS,
o que praticamente inviabilizou a continuação de diversos serviços com
qualidade. Ainda durante a pandemia, conforme dados do Portal da Transparência
da Prefeitura de Curitiba, a assistência social ficou em terceiro lugar no
volume de recursos, mesmo diante da crise econômica e social que estamos
passando.

A criação de funções, como de cuidador social, que dividem
as atribuições da carreira para outros cargos, são mecanismos que precarizam a
profissão, ao invés de reconhecer a importância dos educadores sociais. A
regulamentação da profissão tramita no Congresso Nacional graças à mobilização dos
educadores e ainda é uma luta a ser conquistada!

O SISMUC parabeniza os educadores sociais pela passagem do
dia que remete à reflexão sobre a importância da profissão. Parabéns aos
educadores sociais que tanto fazem pelos mais vulneráveis da nossa sociedade,
mesmo sem valorização pelo trabalho!