Fala, servidor: em meio a surto de casos, trabalhadores da UMS Tingui sofrem com assédio

As
denúncias recebidas pelo SISMUC por meio do canal Fala, Servidor da
Unidade Municipal de Saúde (UMS) Tingui demonstram mais um
equipamento de saúde municipal numa situação absurda de
desrespeito com a vida dos trabalhadores.

Depois
de relatos de um surto de contaminação pelo coronavírus no local
de trabalho, o SISMUC foi em busca de informações junto à gestão
municipal. A resposta da gestão, por meio de ofício (confira aqui),
é que teriam dois servidores infectadas na unidade, ambas
confirmadas em meados de agosto.

Mas,
a situação é muito pior do que a Prefeitura quer deixar
transparecer. De acordo com denúncia recebida pelo SISMUC, são
muitos mais casos na unidade, isso porque no ofício a gestão não
informa o número de trabalhadores adoecidos que atuam no local por
meio de outros vínculos e que não são servidores públicos.

Essa
situação ocorre devido à falta de servidores para manter a unidade
aberta durante a pandemia. A gestão apelou para ajuda de
voluntários, estudantes de cursos da saúde como Medicina e
Enfermagem, além de outras formas de contratação emergencial com
vínculos totalmente precarizados.

E
foi justamente uma trabalhadora que não tem lotação formal como
servidor público na UMS Tingui o primeiro caso confirmado, há mais
de um mês. A trabalhadora se sentiu mal, fez o teste e confirmou a
infecção por coronavírus. Na sequência, outros trabalhadores
começaram a adoecer e hoje já são seis trabalhadores adoecidos:
além dos dois casos de servidores informados pela Prefeitura, há
ainda dois casos entre trabalhadores dos contratos emergenciais, um
trabalhador da US Bacacheri que está cedida à UMS Tingui durante a
pandemia e um trabalhador da limpeza, que é terceirizado.

Fica
claro que o atendimento dispensado durante a pandemia aos servidores
da saúde é pior do que o atendimento à população. Os servidores
da unidade só estão sendo testados quando estão com sintomas.

Falta
de servidores

Um
dos problemas enfrentados na unidade é a falta de equipe. Com
telefones chamando o tempo todo, filas de atendimento quilométricas,
os trabalhadores precisam dar conta do atendimento com equipe
reduzida. E se a equipe teve redução, o trabalho pelo contrário,
só aumentou. A UMS Tingui atende consultas de urgência e
emergência, incluindo casos suspeitos de Covid-19, além dos
serviços rotineiros que aumentaram com a mudança da Unidade de
Saúde Bacacheri para atendimento só de vacinas. Então, todos os
serviços como troca de receitas e entrega de medicações, emissão
de cadastros e cartões SUS, curativos diários e rotineiros, entre
outros, que aconteciam nas duas unidades, agora estão sendo
absorvidos apenas na unidade Tingui.

Como,
durante todo o seu mandato, Greca não fez concursos para reposição
de equipe e trabalhou incansavelmente para destruir e terceirizar a
saúde pública de Curitiba, os quadros de equipe da saúde já
estavam defasados há bastante tempo.

É
claro que a situação se agravou durante a pandemia, primeiro porque
muitos servidores tiveram que ser afastados por estarem no grupo de
risco e também porque a demanda aumentou. Mas, em vez de garantir a
ampliação do atendimento à população, Greca fechou várias
unidades de saúde num processo que ele chamou de “reordenamento”,
mas que na verdade só foi uma tentativa de mascarar a falta de
servidores. Das 20 unidades básicas de saúde do distrito Boa Vista,
onde se encontra a unidade, ao menos cinco estão fechadas.

E
na UMS Tingui, dos 30 servidores, 11 estão afastados por serem do
grupo de risco seja pela idade, seja por comorbidades. Mesmo com as
contratações emergenciais, o número de trabalhadores não é
suficiente para dar conta da demanda.

Além
das contratações emergenciais, há ainda servidores de outras
unidades que são cedidas para UMS Tingui. Com servidores trabalhando
em mais de uma unidade, aumentam – e muito – os riscos de
contaminação cruzada entre os locais de trabalho.

Assédio
moral

E
qual tem sido a postura da chefia da unidade diante do grave cenário
de adoecimento da equipe? Negligência e assédio moral. Em vez de se
preocupar em proteger os trabalhadores, preservar suas vidas e evitar
que o vírus continue circulando, as chefias só se preocupam em
praticar assédio e esconder a realidade da população – afinal, a
visibilidade de todos esses problemas poderia ser um calo no sapato
da tentativa de reeleição de Greca.

De
acordo com os trabalhadores do local, a chefia se esquiva da sua
responsabilidade e não permanece na unidade para auxiliar na solução
dos problemas. Mas, em vez disso, ameaça e persegue os
trabalhadores, dizendo que está monitorando seus passos nas redes
sociais.

E
o pior: tanto a chefia local, assim como a própria gestão, tentam
se esquivar da sua responsabilidade pela contaminação dos
trabalhadores, insinuando que todos se contaminam fora do local de
trabalho. Só que eles parecem esquecer que na unidade de saúde,
diariamente, os trabalhadores estão expostos a uma grande carga
viral com atendimento aos pacientes do coronavírus e mesmo que sejam
utilizados os EPIs, o risco de contaminação é alto.

O
que se vê, é uma inversão total de valores: em vez de reconhecer e
valorizar os trabalhadores da linha de frente, o que o desgoverno
Greca e seus aliados praticam é humilhação e desvalorização
desses trabalhadores. É direito dos trabalhadores ter informação
sobre colegas de trabalho contaminados, além de acesso a testes para
que possam se prevenir de levar a contaminação do ambiente de
trabalho para seus familiares.

Em
ano eleitoral, Greca e seus comparsas estão fazendo de tudo para
esconder a realidade. Mas, quem está na ponta, quem combate o vírus
na linha de frente conhece a realidade e não vamos nos calar! Faça
a sua denúncia dos problemas no seu local de trabalho, com garantia
de anonimato pelo número (41) 99661-9335.

E
para barrar a destruição dos serviços público, é hora de
fortalecer o grito: Vaza, Greca!