Apoie a greve nos Correios contra a privatização e o fim de direitos

As trabalhadoras e
trabalhadores nos Correios estão em greve há 11 dias para impedir
que mais de 70 cláusulas sejam retiradas do Acordo Coletivo de
Trabalho, o que representa o fim de direitos e adicionais que somam
cerca de 40% dos salários.

Na última
quinta-feira (27), o presidente dos Correios, general Floriano
Peixoto, e o governo Bolsonaro recusaram a proposta de mediação
feita pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), que propôs
restabelecer os direitos previstos no Acordo Coletivo até o fim da
pandemia, sem reajuste salarial.

A recusa em aceitar
a proposta de mediação escancara que a intenção do governo é
aproveitar a pandemia do novo Coronavírus para reduzir direitos e
avançar no desmonte dos Correios, abrindo caminho para a
privatização
. Na audiência mediada pelo TST, a direção da
estatal reconheceu que, mesmo em meio à pandemia, o lucro deste
ano já somou mais de R$ 600 milhões.

Além de repudiar a
postura autoritária e privatista adotadas pela direção da estatal,
as direções do SISMUC, SISMMAC, SIFAR e SISMMAR também manifestam
seu apoio à luta em defesa de direitos e contra a privatização dos
Correios.

A intransigência
do governo e da direção dos Correios vem sendo enfrentada com
mobilização e resistência pela categoria.
Na noite da última
quarta-feira (26), os trabalhadores ocuparam o Centro de Operações
e Encomendas de Indaiatuba
, que recebe mais de 10 milhões de
objetos por dia. A ocupação do maior centro de operações do
Brasil é uma forma pacifica de paralisar os serviços para cobrar
negociação e a manutenção dos direitos.

A vitória nessa
greve é importante para o conjunto da classe trabalhadora, assim
como foi essencial a greve dos metalúrgicos da Renault, em São José
dos Pinhais, que conseguiu reverter mais de 700 demissões
. São
mobilizações que fortalecem a luta do conjunto dos trabalhadores
contra os ataques de patrões e governos que tentam usar a pandemia
como desculpa para retirar direitos conquistados com luta.

Apoiar a greve
também é se posicionar contra a privatização.
Os
trabalhadores dos Correios estão presentes em 5.570 municípios
brasileiros e entregam, inclusive, livros às escolas públicas e
vacinas aos postos de saúde. Além de colocar em risco os empregos,
privatizar os Correios também significa pagar mais caro pelos
serviços postais, sem garantia de continuidade dos serviços em
regiões distantes ou de maior vulnerabilidade social.

Entenda os
motivos da greve

O Acordo Coletivo
dos trabalhadores dos Correios tinha validade de dois anos e deveria
se estender até 2021, mas a direção da estatal recorreu ao
judiciário e revogou o ACT em plena pandemia, com a retirada de mais
de 70 cláusulas que garantiam direitos como adicional de 30%,
vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche,
indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades
especiais, além do dos adicionais sobre as férias e horas-extras.

A greve também luta contra a
privatização dos Correios, contra o aumento descabido da
participação paga pelos trabalhadores para o Plano de Saúde e
contra a negligência com a saúde e vida dos ecetistas durante a
pandemia da Covid-19.