Centro POP suspende atendimento após confirmação de Covid-19 no local

Apesar da maquiagem que o desgoverno Greca tenta fazer para esconder
a calamidade provocada por sua gestão nas unidades de apoio a
pessoas em situação de vulnerabilidade social, as feridas seguem
gritantes. A mazela mais recente vem da Casa de Passagem Jardim
Botânico e Centro de Referência Especializado para População em
Situação de Rua (Centro POP) Plínio Tourinho, que foi fechado e
isolado depois que usuários e uma servidora testaram positivo para
Covid-19.

A
erupção dos casos chegou a limitar o trabalho feito pelas equipes
da FAS na semana passada, uma das mais frias do ano até agora, já
que a suspensão do Centro enxugou o número de vagas de acolhimento
disponíveis.

O
Centro POP Plínio Tourinho ficou quase uma semana fechado e foi
reaberto no último sábado (11), depois de um pente fino.
Três
usuários que tiveram a contaminação confirmada foram transferidos
para a unidade de acolhimento institucional Santo Expedito, que
funciona no mesmo prédio e que foi transformada em local de
isolamento dos doentes. Já os que testaram negativo para o novo
coronavírus foram mantidos sem sair da casa durante praticamente uma
semana, como precaução. A casa tem funcionamento 24 horas, mas, via
de regras, os acolhidos não passam o dia todo na unidade.

No
mesmo cenário de descaso, cuidadores e educadores sociais – alguns contratados via Processo Seletivo Simplificado (PSS), regime
que tolhe direitos trabalhistas – se revezam para cuidar de quem
precisa. Mas se nenhum trabalho tem sido fácil nessa pandemia, para
as equipes da FAS, assim como muitos servidores da Saúde, os
impasses são ainda maiores, já que é preciso batalhar contra a
omissão de quem deveria valorizá-los.

No
Centro POP da Plínio Tourinho, como em vários outros equipamentos
do município, não está sendo possível cumprir as normativas para
combate e enfrentamento à Covid-19, como o distanciamento social de
1,5m, por exemplo
. A constante falta de água, noticiada várias
vezes, também não permite a limpeza necessária no ambiente – o
mínimo do mínimo que se espera no enfrentamento de uma crise
epidemiológica.  

Não
bastassem todos esses problemas, em dias de chuva, servidores e
usuários sofrem com as goteiras, e a falta de mão de obra
suficiente para dar conta de tanto trabalho gera baixas no quadro de
funcionários por causa do estresse acumulado.

Tudo
lindo…por fora

Enquanto
a bagunça na sala de casa é geral, o prefeito pinta a fachada para
dizer que está tudo em ordem! Em publicação recente, a gestão do
desgoverno Greca – o mesmo que, ainda durante a campanha eleitoral
disse que “vomitou com cheiro de pobre” – desvia o foco ao
dizer que está cumprindo com as normas básicas de prevenção, como
uso de álcool em gel, máscara e a prática do distanciamento.

Além
disso, a Prefeitura também se vangloria de ter aberto um abrigo
exclusivo para atender pessoas em situação de rua confirmados para
Covid-19, para onde foram transferidos o que testaram positivo no
Centro POP da Plínio Tourinho. A unidade de acolhimento
institucional Santo Expedito, como foi nomeada, tem hoje 21
acolhidos, todos sintomáticos, e a pergunta que não quer calar é:
estavam esses doentes em outros centros de abrigo antes e tiveram
contato com outros usuários e servidores?

A Prefeitura promete ainda inaugurar no espaço, entre o Centro POP da
Plínio Tourinho e a Santo Expedito, hortas e um centro educativo.
Mas, antes disso, deveria trabalhar para dar o que essas pessoas
realmente precisam: atenção e cuidados dignos.

Precarização

Em meio ao caos, outros relatos sobre o descaso dão conta do afastamento de pelo menos dois funcionários por causa do estresse provocado pelos trabalhos intensos. A FAS, essencial no atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade social, vem enfrentando um período de desmonte e, com o quadro de servidores reduzido, se move com a ajuda de cuidadores e educadores sociais contratados via Processo Seletivo Simplificado (PSS).



A manobra é adotada com fôlego pela gestão para tentar evitar o esgarçamento total do serviço público sem ter que se comprometer com direitos trabalhistas. A prática promove alta rotatividades dos trabalhadores, que acabam não gerando vínculo duradouro com os usuários. Assim, a qualidade do atendimento deixar de ser prioridade, já que o foco é a “economia”. Contratados em regime PSSs prestam serviço temporário e, depois do fim do contrato, não têm direito a seguro-desemprego, por exemplo.



Outras denúncias ainda alertam para o fato de que, nessa situação de pandemia, os servidores temporários não são suficientemente treinados para o uso dos EPIs, o que aumenta a chance de contaminação. Do setor de manutenção dos abrigos da FAS, chegam relatos que afirmam que as equipes vêm trabalhando amontoados dentro das kombis, e, com isso, o medo de contaminação se generalizou.



O pedido de testagem de todos os servidores foi ignorado por quem deveria zelar pela saúde dos trabalhadores e entrou na pauta das audiências do SISMUC e SISMMAC com o Ministério Público do Trabalho (MPT).