Fala, servidor: com falta de proteção, contágios entre servidores explodem na UPA Fazendinha

O medo e a insegurança fazem parte do trabalho dos
servidores da saúde que estão na linha de frente do combate ao coronavírus. É o
que sente Suelen (nome fictício usado para preservar o anonimato da denúncia), da equipe de enfermagem da UPA Fazendinha, que está em isolamento
domiciliar após testar positivo para o coronavírus, e que viu um terço da sua
equipe de plantão passar pela mesma situação.
Os altos índices de contágio
atingem também os trabalhadores das demais escalas de plantão. Inclusive, dois
servidores já necessitaram de internamento.

Diante do grave adoecimento dos trabalhadores, fica a
questão: a Prefeitura está adotando todas as medidas necessárias para a
segurança dos trabalhadores?

O relato dos trabalhadores do local deixa claro que a
Prefeitura está descumprindo sua obrigação de oferecer proteção aos servidores
que estão na linha de frente resposta. O desgoverno Greca está sendo negligente
na proteção dos trabalhadores e dos próprios pacientes que necessitam do
atendimento de emergência.

Medidas de proteção

A proteção de riscos de infecção de doenças contagiosas,
como é a Covid-19, deve incluir várias etapas: medidas de engenharia, medidas
administrativas e uso de EPIs adequados. Só que os relatos dos servidores
demonstram que nenhuma dessas medidas é adotada de maneira adequada.

Entre as medidas de engenharia, o mais importante seria a
criação de isolamento entre áreas possivelmente infectadas das demais áreas,
controles de ventilação para aumentar a troca de ar do ambiente, criação de
barreiras físicas (de plástico ou de vidro), limpeza para descontaminação dos
ambientes.

Só que o que está acontecendo na UPA é que os pacientes com
ou sem suspeita são recebidos na recepção, onde os servidores usam apenas a
máscara cirúrgica e não a N95 ou PFF2, que teria proteção mais efetiva. Quem
trabalha na recepção precisa manipular documentos e questionar os sintomas
para, só então, encaminhar os casos suspeitos para a ala exclusiva da Covid-19.
Com isso, os pacientes com suspeita já tiveram contato com servidores sem o
distanciamento necessário, além de estarem no mesmo local que outros pacientes.

Na UPA, chegou a ser instalada uma tenda, que poderia servir
para triagem dos pacientes, mas que é utilizada apenas para a coleta de exames.
Então, a triagem dos pacientes com sintomas continua sendo feita dentro da
unidade.

Outro fator preocupante é que na UPA Fazendinha, o eletro do
setor Covid não está funcionando
, o que faz com que os pacientes com
coronavírus precisem fazer eletro na área geral – mais um resultado do desmonte
que Greca tem praticado na saúde pública de Curitiba.

Além disso, os controles administrativos também são
importantes para reduzir a exposição aos riscos de contágio. Essas medidas
incluem, por exemplo, rodízio e escalas dos servidores, formação de grupos
entre essas escalas para que não tenha contato cruzado entre esses grupos,
trabalho remoto quando possível, entre outras medidas.

Só que é claro que esses controles também não acontecem,
afinal, faltam servidores públicos na saúde, já que, desde que assumiu a
gestão, Greca não repôs o número de funcionários. Quem não está adoecido, está
sobrecarregado, tendo que fazer muitas horas extras e fica ainda mais exposto.

Para além disso, também é preciso que os trabalhadores
recebam os EPIs adequados. Só que sem a adoção das medidas anteriores, não há
como garantir o distanciamento, então a reivindicação é que todos os servidores
tivessem disponibilizados os EPIs que garantem proteção efetiva contra o
coronavírus. Além disso, mesmo com os EPIs adequados, se as medidas anteriores
não forem adotadas na prática, os servidores continuam expostos a altos riscos
de contágio.

E o pior ainda é que os servidores que questionam são
penalizados com ameaças e processos administrativos. Mesmo com a pandemia, o
assédio moral continua presente no desgoverno Greca.

Para o coronavírus, o faz-de-conta não vale! Fazer discurso
bonito se mostrando preocupado com a situação não vai reduzir o número de
casos. A falta de organização da gestão custa caro: são vidas sendo colocadas
em risco! É preciso que sejam adotadas medidas rigorosas, em todos os locais de
trabalho. Essa é a luta do SISMUC, em defesa da vida e da saúde dos
trabalhadores.