Em três meses de pandemia, Prefeitura testou só mil servidores

A Prefeitura tem propagandeado os
55 mil testes comprados para testar os servidores municipais, além de pacientes
com sintomas respiratórios leves associados a fatores de risco e também casos
moderados. Em resposta à pressão do SISMUC e do SISMMAC, a gestão ainda
garantiu que tem testado pelo menos os servidores da saúde, de acordo
com documento enviado ao Ministério Público do Trabalho (MPT).

Só que no próprio documento
enviado ao MPT, os números apresentados mostram que a quantidade de testes
aplicada é muito abaixo da quantidade anunciada: até o dia 8 de junho apenas
1.093 servidores da SMS foram testados. Esse número não chega a 2% do total de
testes anunciado pela gestão. Enquanto isso, chegam várias denúncias de
servidores de que não foram testados, mesmo tendo contato com colegas
infectados. É importante ressaltar que 57% dos testes feitos são do tipo rápido
(IgM e IgG), que de acordo com a Anvisa não tem função de diagnóstico.

O que a administração tenta
esconder é que mais de 2 mil servidores já foram afastados por Síndromes
Gripais do dia 1º de março até o dia 15 de junho. E, em meio a tantos erros da
Prefeitura e com pouquíssimos testes realizados, 217 tiveram confirmação do
novo Coronavírus. Com a cobrança dos Sindicatos a administração deveria ter
apresentado um cronograma de testes, o que ainda não aconteceu,
mostrando mais uma vez a
desorganização e o descaso com a vida dos trabalhadores.

A maioria dos servidores que tiveram diagnóstico de Covid-19 é da área da saúde: 88 técnicos de enfermagem, 25 enfermeiros, 10 médicos, 18 auxiliares e técnicos de saúde bucal, seis cirurgiões dentistas, além de pelo menos 20 guardas municipais e 11 agentes comunitários de saúde e administrativos.

Entre os trabalhadores da Fundação de Ação Social (FAS) já são pelo menos oito infectados, e mesmo tendo alguém com diagnóstico positivo para Covid-19 na unidade, os trabalhadores da FAS não têm sido testados. Desde a reabertura dos CRAS a Prefeitura ainda não disponibilizou os EPIs adequados para os trabalhadores.

Já entre os trabalhadores da educação, são pelo menos 16 casos confirmados de Covid-19 afastados pela Perícia Médica: dois professores de educação infantil e 14 do magistério. Isso mostra a importância de suspender a correção das atividades escolares e de garantir que escolas e CMEIs passem a abrir apenas uma vez por mês para fazer a entrega dos kits de alimentação e das atividades complementares.

E, embora os testes para os
servidores da saúde tenha sido uma conquista – já que são os que mais têm sido
expostos – ainda falta muito para nos sentirmos realmente seguros. Os testes
devem ser aplicados para todos os servidores que estão trabalhando na linha
de frente,
já que estes além de infectar a sua própria família, podem ser
vetores de transmissão da doença junto à comunidade. Além disso, a aplicação
dos testes deve ter uma constância, como nos mostram os exemplos de outros
países onde a realização de testes em larga escala se mostrou uma medida
importante no controle da doença.

Está mais do que na hora do
desgoverno Greca olhar de maneira mais séria para a realidade! O desprefeito
teve a cara de pau de responder o MPT e os Sindicatos com propagandas do seu
próprio site, quando na verdade, o contato cotidiano com os trabalhadores nos
mostra justamente o contrário do que a Prefeitura diz. De nada adianta fazer
propaganda de testes, se não são realizados ou se sua utilização não está
alinhada a uma estratégia de testagem em larga escala como forma de controlar a
propagação da doença. Também não adianta falar de um achatamento da curva
quando os leitos de UTI estão cada vez mais sobrecarregados. O número de casos
só aumenta e a nossa exigência é pela manutenção da vida e da saúde dos
trabalhadores!

Se engana quem acha que o problema da falta de testes para por aí:

Os bairros periféricos de Curitiba têm sido cada dia mais atingidos, a doença que antes se concentrava na região Matriz tem chegado cada vez mais em regionais como Tatuquara e Bairro Novo. De acordo com o Bem Paraná, o Tatuquara teve um aumento de 628% no número de casos, são 102 contaminações nos bairros Campo de Santana, Tatuquara e Caximba. Em bairros como Ganchinho, Sítio Cercado e Umbará já são 150 casos confirmados.



Com a falta de testes, a Prefeitura é responsável por colocar a vida de milhares de pessoas em risco, afinal de contas o município não tem realizado um esforço para pensar políticas efetivas para manter a população em casa. Ou seja, pessoas com poucos sintomas, pré-sintomáticas ou até mesmo assintomáticas, estão utilizando transporte público lotado para ir trabalhar e possivelmente contaminando outras pessoas.



E a doença que foi importada por aqueles com maiores condições financeiras agora chega na periferia que necessita de um sistema de saúde público, que vem sendo sucateado pelos governantes há tanto tempo!



O bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras do município depende de ações coletivas por parte do governo municipal, estadual e federal. Mas, infelizmente, não é isso que vemos! O projeto de Greca, Ratinho e Bolsonaro é um só: acabar com a população mais pobre retirando todos os meios de existência e sucateando cada vez mais o serviço público.