Fala, servidor: EPIs inadequados tornam ainda maiores os riscos de contágio na Odontologia

Devido
às altas chances de contágio de servidores e usuários durante o
atendimento odontológico, os dentistas deveriam receber equipamentos
de proteção individual (EPIs) de alta proteção da gestão
municipal, equivalentes ao recomendado a outros trabalhadores da
saúde que realizam procedimentos com produção de aerossol em
pacientes com covid-19.

E,
embora a Prefeitura diga que está tudo bem com os EPIs
disponibilizados, a administração não tem seguido à risca as
determinações da Anvisa, além de disponibilizar equipamentos
muitas vezes de baixa qualidade.

De
acordo com estudos realizados pelo sindicato, os profissionais da
odontologia deveriam utilizar os seguintes equipamentos para proteger
mucosas de olhos, nariz e boca durante os procedimentos:

– Para
área facial: respirador facial completo ou então protetor facial
(face shield), máscara n95 ou PFF2 e óculos com vedação;


Macacão impermeável ou, no mínimo, avental com proteção de
braços, tronco e pescoço (áreas que podem ser atingidas com
gotículas contaminadas);


Luvas;


Touca;


Sapatilhas.


que essas recomendações não são seguidas pela Prefeitura. O
avental disponibilizado, não é impermeável –
o que foi
demonstrado com teste simples feito pelos trabalhadores, que mostra a
roupa molhada mesmo com o uso do avental. Além disso, entre os EPIs
fornecidos não há proteção para a área do pescoço e nem as
sapatilhas. 

Outro
problema é a falta de medidas administrativas para aumentar o
intervalo entre as consultas. Mesmo que o atendimento seja apenas
para a emergência, de acordo com as denúncias dos servidores,
acontecem casos de vários pacientes serem atendidos na sequência.
Esse descaso aumenta e muito as chances de contaminação cruzada
entre os pacientes.

Um teste feito pela Universidade de Brasilia (UnB) mostra como as gotículas de água, potencialmente contaminadas (evidenciadas com corante vermelho para melhor visualização) podem atingir a área do rosto e pescoço dos trabalhadores da odontologia. Isso só reforça a necessidade urgente da proteção adequada. 

Com
isso, os trabalhadores da odontologia se sentem desvalorizados e até
mesmo esquecidos pela gestão municipal. É o que relata a dentista
Joana, na denúncia feita pelo canal Fala, Servidor.

A
Joana é um personagem fictício criada para preservar em sigilo a
identidade dos servidores. Mas a denúncia e as situações
vivenciadas são reais.

Faça
sua denúncia

Se
você enfrenta problemas no seu local de trabalho, faça sua denúncia
pelo whatsapp (41) 99661-9335 (para servidores de Curitiba) ou pelo
link: https://bit.ly/2WC0CiB

Entenda por que o risco de contágio é alto

Durante o atendimento odontológico, não é possível manter o distanciamento do paciente e os procedimentos ainda geram uma grande taxa de aerossol e gotículas, que podem tanto infectar diretamente o servidor durante o atendimento, quanto permanecer no ambiente e infectar os demais pacientes.



Durante a pandemia do novo coronavírus, os dentistas estão entre os trabalhadores altamente expostos à riscos de contaminação. Por isso, o serviço de odontologia da Prefeitura de Curitiba está atendendo apenas os casos de emergência. No entanto, essa medida não é suficiente para proteger os trabalhadores nem os usuários do serviço, já que as denúncias dos servidores dão conta de que a gestão não está distribuindo os EPIs oferecidos e muitas vezes sequer o intervalo de tempo maior entre as consultas para reduzir os riscos de contágio são respeitados.



É importante destacar que com a circulação do vírus em Curitiba, a taxa de contaminação comunitária (quando não é possível especificar onde o contágio aconteceu) é alta e os números de casos é muito maior que o registrado oficialmente, já que o percentual de casos assintomáticos ou com sintomas leves é alto. Com isso, na prática, o trabalhador da odontologia não tem como ter certeza se os pacientes atendidos estão ou não infectados. Por isso, seria essencial redobrar os cuidados nesses atendimentos.