Violência contra educadores escancara gestão irresponsável na FAS

Nesta semana dois educadores sociais foram vítimas
de humilhação e violência de quatro menores abrigados na Unidade
de Acolhimento Institucional (UAI) Santa Felicidade. Os jovens
depredaram o equipamento, quebraram o aparelho de telefone, amarraram
os dois educadores que faziam o plantão, os agrediram com socos,
pontapés, quebraram o carro de um dos servidores e fugiram com o
veículo do outro levando os pertences dos trabalhadores. A
ocorrência aconteceu na noite da última terça-feira (31) e
escancara a falta de comprometimento da atual direção da Fundação
de Assistência Social (FAS) com os trabalhadores. O SISMUC tomou
conhecimento da situação e acompanha o caso. 


Os menores
já foram detidos e o carro recuperado. Mas a recuperação da saúde
física e psicológica dos educadores deve demorar muito mais!

E não são só eles as vítimas desta violência.
Os demais servidores da FAS estão indignados com a situação
inaceitável que os colegas passaram e o descaso da gestão. O fato é
uma tragédia anunciada. Se a direção da FAS não assumir os
problemas e procurar resolvê-los, novas situações podem ocorrer
com vítima fatal de trabalhador e/ou educando.

Problema conhecido

Não é de hoje que a FAS enfrenta a violência de
menores abrigados nas casas de acolhimento. Quando acontece uma
situação acabam fechando o espaço temporariamente, ou colocam a
guarda municipal por um período para fazer a segurança. São
medidas que não resolvem o problema.

Os sindicatos percebem que falta
comprometimento do Departamento de Proteção Social Especial (DPS)
da FAS, responsável por acompanhar a situação das casas de
acolhimento e, por isso, tem conhecimento do público que atende, dos
problemas operacionais, mas não apresenta soluções.
Parece que
falta diálogo com o Ministério Público (MP) e o Poder Judiciário,
e a DPS também não se preocupa em estabelecer um método de
trabalho operacional para segurança dos educandos, dos servidores e
do equipamento. Não é o servidor sozinho no local de trabalho que
vai resolver problemas complexos.

As casas de acolhimento são equipamentos
destinados para receber público encaminhado pelo Poder Judiciário,
de menores vítimas de abandono, violência doméstica, menores em
cumprimento de medidas socioeducativas, jovens com transtornos
mentais, jovens com problema de drogadição, entre outras situações.
O MP e o Poder Judiciário fazem visitas aos locais e apontam os
problemas. E por que a direção da FAS não resolve? Não estabelece
critérios de periculosidade, por exemplo?

Em meio ao grande ato de violência contra
trabalhadores ocorrido nesta semana, além do atendimento de ponta
dos servidores da FAS no combate ao Coronavírus, o presidente da
FAS, Thiago Ferro, se licencia para tratar de campanha de reeleição?
E as vidas de trabalhadores e educandos que estão em risco? De quem
é a responsabilidade para resolver o problema já conhecido?

Reforço da segurança

A presença da guarda municipal nos equipamentos
de acolhimento, com capacitação e linha direta de comunicação com
uma central para caso necessite de reforço, é uma reivindicação
antiga dos educadores sociais e demais trabalhadores do Sistema Único
de Assistência Social (SUAS). O SISMUC já debateu a situação com
a gestão que não atendeu a reivindicação.

Depois da ocorrência na UAI Santa Felicidade, foi
destacada uma equipe da guarda municipal para o local, mas não
sabemos até quando. E as Casas Piá e demais equipamentos da FAS,
receberam apoio da guarda municipal, ou alguma outra segurança?

Devido à falta de servidores para cobrir o
quadro necessário, o atendimento nas casas abrigo são feitos por
duplas de educadores sociais, e é comum ficar somente um quando um
colega está doente, de férias.
No passado já houve casos de
casas serem invadidas por populares, já foi encontrada faca com
educandos, já houve situação de menores abrigados praticarem
assalto em equipamento municipal e nem assim foi estabelecida uma
regra para se garantir a segurança nos equipamentos de acolhimento.
O que estão esperando?

O
SISMUC reitera que os servidores da assistência social devem ser
vistos como uma categoria de risco, com altos índices de agressão
física e adoecimento psicológico.