Semana da Enfermagem: o que temos a comemorar?

Assédio, desrespeito, falta de consideração. É com estes
sentimentos que os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem estão
celebrando este ano a Semana da Enfermagem. Comemorada entre o dia 12 de maio,
dia internacional do Enfermeiro,
e 20 de maio, dia do Auxiliar de Enfermagem e
do Técnico de Enfermagem
, os servidores da saúde de Curitiba estão cada vez
mais desmotivados e adoecidos devido a sobrecarga de trabalho e a falta de
servidores para completar o quadro funcional.

Além da dificuldade na estrutura de atendimento, que está no
limite, e redução em volume e qualidade do material utilizado nos
procedimentos, se soma os ataques do prefeito Rafael Greca e da secretária de
saúde, Márcia Huçulak, enfermeira de carreira da Prefeitura de Curitiba.

Com a frase slogan da secretária – O
cuidado que não para! – parece que o cuidado é com os interesses da
administração e não da saúde, dos servidores ou dos curitibanos.

Na última semana, a secretária Márcia Huçulak incitou a população a
denunciar os servidores para a chefia das unidades e na ouvidoria da
administração, em clara manifestação de assédio moral e perseguição aos
servidores.

Só neste ano o prefeito já questionou a jornada de 30h dos
enfermeiros, uma conquista da luta da categoria. O prefeito ainda acusou os
servidores de promoverem maus-tratos na população que vai para fila das
unidades de saúde durante a madrugada.

A realidade é que aumentou o número de usuários e diminuiu o
número de servidores.
Com esta equação de menos cuidado, a população já
acostumada a enfrentar dificuldades generalizadas no serviço público, procura
se antecipar e chegar nas unidades de saúde antes da abertura, para tentar
garantir o atendimento durante o expediente, formando filas que a administração
não aceita e está culpando os servidores por isso.

Ainda na última semana, com o fechamento do atendimento de
SUS no hospital Pequeno Príncipe, houve grande procura por atendimento nas
UPAs. Foram registradas situações de apenas um auxiliar de enfermagem, em
desvio de função, ficar responsável pela pediatria, tendo que lidar com
internamento lotado, aplicação de medicamentos, entrega de remédios entre
outras tarefas que o aplicativo Saúde Já não faz. Somente três dias após o
bloqueio no atendimento do hospital a Prefeitura, por meio do FEAES, convocou
10 médicos pediatras para contratação emergencial. Enquanto isso, foram os
enfermeiros, técnicos e até agentes administrativos que atenderam a população
nos equipamentos.

Com a promessa não cumprida de eliminação de filas com o
aplicativo Saúde Já, fica mais fácil para a administração promover o assédio
moral nos servidores com discurso truculento e mentiroso do que investir em
melhor gestão dos recursos humanos capacitados
. Com concursos vigentes para
enfermeiros e para técnicos de enfermagem, os aprovados não são convocados e a
administração trabalha para contratar via Processo Simplificado de Seleção
(PSS), com contratos temporários e precarizados, que também não vão resolver o
problema de sobrecarga de trabalho.

A dedicação dos servidores é o que garante o bom atendimento
para a população curitibana. É preciso nos unir para barrar o assédio moral e os ataques da gestão.

Parabéns pela Semana da Enfermagem. Sem os cuidados de vocês
os curitibanos estariam em situação mais precária.