Greca quer aumentar tarifa de ônibus e engordar caixa-preta da URBS

A Prefeitura quer aumentar o valor da passagem e ônibus e,
para isso, coloca a culpa nos motoristas e cobradores que reivindicam reposição
salarial no início do ano e dificilmente conseguem aumento real.

Na verdade, a data-base dos trabalhadores é a cortina de
fumaça criada para que a população não questione sobre os valores excedentes
arrecadados e sobre a planilha de custos do sistema, mantendo a caixa-preta da
URBS fechada, enquanto a população continua sendo obrigada a pagar uma das
tarifas mais altas do país, enfrentar longas filas e rodar em veículos
sucateados.

Neste mês de fevereiro, a Prefeitura decretou o aumento da
tarifa técnica para R$ 4,79, valor que é repassado pela URBS para os
empresários e que está acima do valor cobrado dos passageiros, que está em R$
4,25. Esse é um dos argumentos da administração para aumentar a tarifa que poderá
chegar a R$ 5,20 conforme adiantou o prefeito Rafael Greca, se não conseguir
subsídio do Governo do Estado, o que é uma decisão política.

Ao anunciar o aumento da tarifa técnica, como uma forma de
pressão, a administração municipal não explica o que foi feito com a excedente
arrecadado quando a tarifa técnica estava em R$ 3,66, em fevereiro de 2017, e
em R$ 3,98 em fevereiro de 2018, e os usuários do sistema já pagavam R$ 4,25.
Conforme a URBS o valor excedente vai para o Fundo de Urbanização de Curitiba
(FUC) sem dar mais detalhes.

Licitação questionada

A última licitação do sistema
aconteceu em 2010 e foi alvo de questionamentos no Ministério Público do Paraná
(MP-PR), no Tribunal de Contas do Estado (TCE) e também de uma Comissão de
Inquérito Parlamentar (CPI) na Câmara Municipal de Vereadores. Todas as investigações
encontraram diversas irregularidades como superfaturamento e tarifas duplicadas
na composição do preço, sonegação fiscal e formação de cartel, entre outras situações.
Está provado que são as empresas de ônibus que controlam a planilha de custos e
não a URBS, empresa de economia mista responsável pelo controle do sistema.

Em agosto de 2018, o MP-PR ajuizou uma Ação Civil Pública
com o objetivo de anular os contratos de concessão do serviço de transporte
coletivo de Curitiba, e tornou réus 14 pessoas por organização criminosa,
fraude em licitação e falsidade ideológica, com prazo de 360 dias para nova
licitação. A questão ainda não foi resolvida. Caso a licitação de 2010 não seja
anulada como pede o MP-PR, e já pediu o TCE e a CMC, uma próxima está prevista
para 2025.

Com três empresas operando o sistema (Auto Viação Redentor,
Transporte Coletivo Glória e Cidade Sorriso), uma única família responde por
praticamente 70% das linhas e está no negócio desde 1953, quando foi implantado
o sistema de transporte coletivo na cidade.

Luta

Diante dos fatos, só a mobilização da sociedade poderá frear
os abusos que unem poder público e empresariado e prejudica os trabalhadores,
os principais usuários do sistema de transporte público. Se a gente não lutar,
a tarifa vai aumentar.

Na próxima terça-feira (26), participe da manifestação
contra o aumento da tarifa! O ato acontece às 17h30, na Praça Rui Barbosa.