Servidor Coragem – Manuela Zakalugne

Logo que a auxiliar de serviços escolares Manuela Zakalugne entra novamente na escola municipal Ulysses Guimarães, de onde está afastada devido a uma licença-prêmio, o carinho de crianças, coordenação da escola e dos colegas de ofício é percebido assim que se entra na escola. 

Da parte dela, a moeda é na mesma medida. A servidora se identifica muito com a função de auxiliar de serviços escolares. O seu relato sobre o dia-a-dia da profissão vai além da nomenclatura de inspetor – palavra antiga, que remete a um sujeito com a única função de dar bronca na piazada. “A geração que está vindo está mudando essa ideia. Não fazemos apenas inspeção das crianças”, decreta.
Manuela, mãe de três filhos, enumera que o auxiliar de serviços escolares está em contato diário com os alunos de período integral. Esse servidor tem contato com os problemas das famílias, com suas vivências, e também cabe a ele participação no processo pedagógico – organizando esportes, jogos pedagógicos, xadrez e outras atividades. “Somos parte muito importante da educação. Confeccionamos brinquedos para eles – fazemos planejamento em cima disso”, conta.
Manuela fez o concurso público para escapar da precarização de trabalhadora terceirizada, mas hoje enfrenta no cotidiano a dura situação de vida das famílias da periferia da capital paranaense. 
“Problemas familiares se refletem na gente, é preciso entender a criança, tudo o que a gente sente e conversa com as crianças é passado para a equipe pedagógica”, afirma, enfatizando várias vezes o papel de educador desse segmento do funcionalismo municipal.
A servidora reclama das funções consideradas hoje como “correlatas”, o que força o auxiliar de serviços escolares a fazer qualquer tipo de função, desde que exigido. “Não dá pra exigir lavar pratos e tem gente que exige isso de nós”, protesta.
Ela quer ver o servidor e a servidora que trabalham serem valorizados na mesma medida do seu carinho: “A gente faz a diferença na escola”, finaliza.