Metalúrgicos alemães conquistam redução de jornada para 28 horas semanais

Enquanto no Brasil a reforma trabalhista aprovada pelo governo de Michel Temer manteve a jornada semanal de 44 horas e abriu a possibilidade de 12 horas de trabalho seguido, os metalúrgicos do estado alemão de Baden-Wuerttemberg, no sudeste do país, conseguiram o direito de, por até dois anos, reduzirem sua jornada semanal para 28 horas. A jornada reduzida poderá ser aplicada quando houver a necessidade de cuidar de crianças, idosos e parentes de doentes.

A conquista foi obtida pelo IG Metall, o maior e mais importante sindicato da Alemanha, calcado no setor metalúrgico. Com mais de 2 milhões de filiados, a entidade tem trabalhadores de algumas das principais empresas alemãs, como Daimler, BMW, Porsche, Volkswagen, Audi, Siemens, Thyssen-Krupp, Airbus e Bosch. Inicialmente, o acordo vale para os 900 mil trabalhadores de Baden-Wuerttemberg, mas a expectativa é de que, em breve, alcance os 3,9 milhões de pessoas que atuam no setor metalúrgico alemão.

O acordo foi anunciado após semanas de negociações e greves nas fábricas por parte do IG Metall, que exigia, entre outras coisas, uma flexibilidade maior para os funcionários no momento de organizar o período de trabalho.

De agora em diante, os trabalhadores do setor com pelo menos dois anos de serviço em sua empresa poderão solicitar a redução da semana de trabalho por um período que vai de seis e 24 meses, depois do qual terão a garantia de retorna a seu posto em período integral. Uma jornada de 28 horas semanais equivale a 5 horas e 40 minutos de trabalho de segunda a sexta-feira.

O IG Metall não conseguiu, no entanto, outra de suas reivindicações: que os trabalhadores beneficiados pela medida recebessem uma compensação financeira parcial por parte da empresa. Haverá, no entanto, um aumento salarial para os trabalhadores, de 4,3%.

Hofmann e Dulger: empresários e trabalhadores celebram

As empresas conseguiram, em contrapartida, uma flexibilidade maior para aumentar o tempo de trabalho a 40 horas semanais para os funcionários que assim desejarem. Anteriormente, o teto de horas trabalhadas no setor era de 35 horas semanais. Esse teto de 35 horas semanais foi obtido pelo próprio IG Metall em 1984, após sete semanas consecutivas de greves contra a jornada vigente então, de 40 horas.

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Em um comunicado, as empresas afirmaram que o compromisso é “suportável, mas com elementos dolorosos”. Rainer Dugler, chefe da Gesamtmetall, que congrega as companhias do setor metalúrgico, classificou o acordo como “a pedra angular de um sistema de trabalho flexível para o século XXI”.

“O acordo é um marco no caminho para um mundo de trabalho moderno e auto-determinado”, afirmou Jörg Hofmann, líder do sindicato, segundo o site Business Insider. O acordo será revisado daqui a dois anos para que as partes determinem a necessidade de reajustes.