Barragens: A destruição pode estar mais próxima do que você imagina

1. A Política do esquece isso e segue em frente:

O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que “o
maior desastre ambiental da história do Brasil foi um acidente e uma
fatalidade
, e que a situação não deveria gerar uma imagem negativa para a
mineração do estado” de Minas Gerais, lavando as mãos diante do problema e
deixando a responsabilidade apenas sobre a empresa.

O ministro ainda disse: “Nós tivemos recentemente o desastre
de Mariana, que não contribuiu”, mas aquilo tem que ser encarado como: “um
acidente”
. Ainda disse: “como uma fatalidade, você não tem controle
sobre isso
“, declarou a investidores reunidos em seminário sobre
Brasil promovido pelo jornal Financial Times.

Tais atitudes mostram a irresponsabilidade das políticas do
governo federal, estadual e municipal, deixando a economia à mercê das
mineradoras e entregando os rios e vales para que as empresas explorem ao
máximo, burlando as normas regulamentadoras e buscando unicamente a ampliação
dos seus lucros. E o que mais assusta nisso tudo é um ministro dizer que foi
uma fatalidade e que você não tem controle sobre isso, então para que serve os
órgãos de controle e fiscalização? Eles não acompanham a situação de cada
barragem?

O ministro ainda disse: “Os nossos vizinhos, Argentina,
Chile, Peru, Colômbia se orgulham e promovem a atividade mineral”. Também
citou que essas atividades deveriam parar de ser mal vistas.E as
pessoas que morreram, perderam seus pertences, seu trabalho, sua dignidade e
que deveriam parar de criticar e tocar a vida pra frente? Que vida, que sonho,
que história?

Irresponsabilidade esta que permitiu que 80% da arrecadação do município
fosse oriundo da mineração e deixando a população sem água, sem trabalho no
campo e sem renda, à espera de indenizações sobre os prejuízos causados, com seus
sonhos e vidas ceifadas.

2. A situação em outros lugares:

O relatório de segurança de Barragens (RSB) fiscalizado pela Política
Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), criada pela lei 12.334/2010, este
ano apontou 25 barragens com comprometimento estruturaldentre as
fiscalizadas (localizadas no Rio Grande do Norte e Ceará). Foram classificadas 3.691
barragens quanto à categoria de risco com CRI alto
(Categoria de risco alto
– estas se encontra no Nordeste, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia). Em
relação ao Dano Potencial Associado (DPA) foram classificadas 4149 barragens,
sendo 2053 com DPA Alto(na Bahia, Rio Grande do Norte, Paraíba, Rio
Grande do Sul e Minas Gerais). Isto mostra que outras barragens estão
comprometidas e deixando a população à mercê, e que o “jeitinho brasileiro” tem
que ser visto como uma forma de expor a população e todo o ambiente ao redor,
conduzindo a tragédias lastimáveis. Tal fato é confirmado nos relatórios que
demonstram essa pratica adotada pela maioria das empresas.

Portanto, se os relatórios apontam barragens com alto risco e já
tem claro que existem 25 barragens já comprometidas e aquelas com DPA Alto ou
CRI Alto, com risco de possível rompimento, então fica a pergunta: O que os
órgãos fiscalizadores e o Estado está esperando para interromper essas atividades,
principalmente das barragens comprometidas? Que política é essa que acompanha e
não toma providências? Estão esperando novas tragédias para tomar providências?
E que providências estão sendo tomadas? Não temos essas respostas, mas uma
coisa tem: um sinal de destruição que permanece na vida de cada morador de
Mariana, e o sonho da justiça que não se desenha neste governo.

Instituições importantíssimas como o Movimento dos Atingidos por
Barragens (MAB) faz um excelente trabalho de acompanhamento e divulgação dos
fatos ocorridos. É importante que as pessoas participem, ajudem na divulgação
do site e estejam a par dos assuntos para uma melhor compreensão da dimensão
deste problema. É importante compreender que o avanço das barragens, suas
implantações e ampliações, conduzem a situações que acarretam na elevação da
violação dos direitos humanos, por conta da precariedade e da falta de um
estudo mais aprofundado acerca destas barragens.