População de rua pede fim de políticas higienistas da prefeitura de Curitiba

 Nesta terça-feira(21), representantes do Movimento de População de Rua participaram de audiência com a presidente da Fundação de Ação Social (Fas) da prefeitura de Curitiba, Elenice Malzoni. A comissão eleita pelo grupo entregou um documento exigindo mais segurança e políticas públicaspara a população em situação de rua,bem como o fim da política higienista e dos ataques aos direitos humanos. Uma nova reunião para debater o assunto ficou agendada para a próxima sexta-feira(24).

 Segundo o coordenador nacional do movimento,Leonildo José Monteiro Filho, além dar visibilidade às ações, a audiência, que aconteceu no prédio da prefeitura, foi marcada para pautar a luta pelo direito da população em situação de rua, que reivindica mais políticas públicas e menos assistencialismo . “A população de rua não quer mais acolhimento. Isso é assistencialismo para manter o cidadão na rua. Queremos casa, trabalho, ou seja, políticas públicas de moradia, emprego e renda, de saúde, esporte, lazer e cultura. A gente não quer essa política higienista; esse assistencialismo que mantém o povo na rua”, enfatizou.
Políticas higienista, segundo Monteiro são aquelas que expulsam e agridem fisicamente os moradores de rua. Ele denunciou os abusos e opressões cometidas pela guarda municipal de Curitiba, órgão responsável pela segurança em praças e parques do município. “Lutamos por. uma porta de saída para a população em situação de rua  e ela se dá através do emprego, da moradia, do atendimento à saúde. Pedimos uma audiência com o prefeito Rafael Greca para que ele venha de fato nos falar que vai acabar com essa política de higienização e trazer políticas de porta de saída”, destacou.
Segundo dados do Ministério Público do Paraná, mais de 4.000 pessoas estão em situação de rua no município de Curitiba. Deste total, registra-se cerca de 500 acolhimentos para essas pessoas, no entanto sem oferecer a elas políticas básicas de alimentação, higienização. “Não tem uma debate sobre as políticas fundamentais, como, por exemplo, a política de saúde para essas pessoas. Não tem política de nada. É um problema que a cidade não resolveu e que vem aumentando”, observou.
Gestão tem de ter compromisso também com os servidores

Segundo pesquisas dos órgãos responsáveis pela assistência social, a maioria da população em situação de rua é de Curitiba. No entanto, a falta de tratamento especial para esses cidadãos curitibanos sobrecarregam os servidores municipais, como aponta a coordenadora de Movimentos Sociais do Sismuc, Casturina Berquó. “Falta treinamento para os servidores e condições de trabalho nos espaços em que eles prestam serviços”, denunciou.
A presidente da Fas, Elenice, que saiu da reunião pouco tempo depois, informou que na sexta feira(24) a entidade vai expor as políticas e os compromissos assumidos pela gestão. ela reconheceu a importância da formação dos profissionais, afirmou que Casas de passagens devem estar interligadas aos Centros Pop e Sistema Único de Assistência Social(Suas), pediu para que fossem denunciados todos os casos de violação de direitos humanos e reforçou que moradores de rua não podem ser impedidos de acessar políticas públicas.
Carta de reivindicações

Além da coordenação nacional do Movimento da População de Rua e do Sismuc, a comissão que entregou o documento para os representantes da prefeitura contou com a presença da assistente social da Casa de Passagem São José. 
 
A comissão entregou a carta assinada por Martins que reivindica direitos por conta da ausência de políticas públicas e mais segurança .Endereçado ao prefeito, o documento diz que o número de pessoas em situação de rua aumentou nos últimos meses “por essa ausência de políticas públicas, principalmente pela diminuição do atendimento nas instituições públicas de referência para esta população no município”, segundo registra a redação da carta.